Cuidado e capricho poderiam ser os lemas da dona de casa Lindalva Bezerra da Soledade, mas ela tinha outras tantas qualidades que era difícil defini-la em poucas palavras. Ao contrário de muitos, ela gostava de serviços domésticos. Manter a casa limpa e arrumada era questão de honra, assim como cuidar do bem-estar da família.
Lindalva era pernambucana. Ainda criança mudou-se para o Paraná, onde cresceu, casou e teve dois filhos, Ivo e Sílvio de Oliveira —este último já morto. Separada, foi a São Paulo. Para sobreviver, trabalhou como doméstica e em um laboratório. Conheceu o mineiro Iraci Pinto Moreira, hoje com 75 anos. Da união, nasceu a filha, a jornalista Tatiana Soledade Moreira, 40. O casamento ocorreu após mais de 20 anos juntos.
“A doçura e a generosidade eram muito marcantes na personalidade da minha mãe. As pessoas se referiam a ela como uma dama”, diz Tatiana.
Da natureza, admirava as rosas que cultivava e o mar. Cozinhar era uma de suas maiores habilidades —ninguém fazia panquecas como as suas.
Sua saúde era instável. Por volta dos 50 anos, descobriu o reumatismo e fez uso de medicação durante muito tempo.
Em 2018, veio a cirrose hepática. Até o início da pandemia, Lindalva ia à Santa Casa de São Paulo até três vezes por semana para tratamento.
A ameaça do novo coronavírus fez com que os atendimentos fossem suspensos e retomados em julho. Lindalva, o marido e a filha contraíram Covid-19. Como tinha comorbidades significativas, ela não resistiu.
Lindalva Bezerra da Soledade morreu dia 7 de outubro, aos 83 anos. Deixa o marido, dois filhos, uma nora, cinco netos e o desejo de um dia ter sido cabeleireira.
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