Número de incêndios em hospitais no país quase dobra em um ano

Em dez meses, foram registradas 45 ocorrências ante 23 no mesmo período de 2019, segundo instituto

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São Paulo

O incêndio no Hospital Federal de Bonsucesso, na zona norte do Rio de Janeiro, se soma a outras 45 ocorrências semelhantes ocorridas entre janeiro e outubro deste ano. O número é quase o dobro de 2019, quando foram contabilizados 23 registros em hospitais públicos e privados.

Os dados são do Instituto Sprinkler Brasil, que faz monitoramento diário de notícias de incêndios estruturais, que são aqueles que ocorrem em depósitos, hospitais, hotéis, escolas, prédios públicos, museus, entre outros.

Segundo Marcelo Lima, diretor-geral do ISB, a organização começou a contabilizar os incêndios noticiados pela imprensa por falta de dados estatísticos oficiais no país. Eles estão agrupados em um serviço chamado "mapa de incêndios" (disponível aqui).

No entanto, o número real dessas ocorrências pode ser ainda maior porque princípios de incêndios rapidamente controlados podem não ser noticiados e acabam não sendo contabilizados.

Para Lima, o aumento de incêndios em hospitais mostra que há algo de errado e que muita coisa precisa ser feita para que tragédias desse tipo sejam evitadas.

No ano passado, em um incêndio no hospital particular Badim, também na zona norte carioca, morreram 14 idosos, a maioria por inalação da fumaça e outros pelo desligamento de aparelhos com a queda de energia.

Em maio de 2019, a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) publicou normas de segurança específicas contra incêndio em instituições de saúde.

Estabelece, por exemplo, como devem ser rotas de fuga, saídas de emergência e sistemas de compartimentação, para impedir que o fogo se alastre, entre outros pontos.

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) também tem um conjunto de normas de segurança contra incêndio, de 2014. Uma delas, por exemplo, diz que “a pior ação emergencial num estabelecimento assistencial de saúde é a relocação ou evacuação vertical dos pacientes.” Ou seja, descer todo mundo correndo escada abaixo, como voltamos a ver no incêndio no Rio.

A orientação é para que o incêndio seja combatido na origem. Para isso, é preciso isolar a área, fechar as portas dos compartimentos e deixar as pessoas resguardadas no andar. Treinamento da equipe para responder a uma situação de emergência, evitando que, no caso de incêndio, desça todo mundo às pressas e que pacientes graves fiquem em macas na rua, é fundamental.

No caso do hospital de Bonsucesso, não foi por falta de alertas que o incêndio aconteceu. Há mais de um ano, a DPU (Defensoria Pública da União) cobrou explicações da direção do hospital sobre a estrutura de combate de incêndio na unidade, avaliada como precária.

Não havia sistema de detecção de fumaça nem sprinklers, componentes que soltam água em caso de incêndio, três geradores estavam mal conservados e dois transformadores estavam superaquecidos. O edifício tampouco possuía alvará de funcionamento do Corpo de Bombeiros.

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