Acobertamento de corpo e espancamento de cadela mostram histórico do Carrefour de minimizar morte

Rede é alvo de críticas após espancamento e assassinato de Beto Freitas, negro, por seguranças

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Belo Horizonte

O homicídio de João Alberto Silveira Freitas, um homem negro de 40 anos, em uma loja do Carrefour em Porto Alegre é o fato mais recente envolvendo um aparente descaso do hipermercad com a morte, seja ela um crime ou um acidente.

A morte do representante de vendas Moisés Santos em uma loja no Recife neste ano também gerou indignação do público pela indiferença com que os funcionários trataram o episódio.

Santos era funcionário de uma empresa de alimentos fornecedora —ou seja, não era contratado direto do Carrefour— e morreu após sofrer uma parada cardíaca enquanto trabalhava no local.

Em vez de fechar as portas e aguardar a equipe do serviço funerário, o Carrefour usou guarda-sóis, tapumes e fardos de cerveja para encobrir o corpo e seguiu funcionando normalmente —situação que durou mais de três horas, tempo que funcionários do IML (Instituto Médico Legal) levaram para chegar ao local.

Após a reação negativa, o Carrefour disse em nota que errou em não fechar a loja.

“O Carrefour pede desculpas em relação à forma inadequada que tratou o triste e inesperado falecimento do sr. Moisés Santos, vítima de um ataque cardíaco, na loja do Recife. A empresa errou ao não fechar a loja imediatamente após o ocorrido à espera do serviço funerário, bem como não encontrou a forma correta de proteger o corpo”, afirmou a rede à época.

O hipermercado disse que prestou primeiros socorros e acionou o SAMU [Serviço de Atendimento Móvel de Urgência], e que, depois da morte, seguiu orientação de não retirar o corpo do local.

Ainda de acordo com o Carrefour, o episódio provocou mudanças nas orientações aos seus colaboradores para situações como essa, tidas como “raras”.

Entre elas está a obrigatoriedade do fechamento da loja, “com objetivo de trazer mais sensibilidade e respeito ao conduzir fatalidades”.

Em 2018, foi a morte da cadela Manchinha que fez o Carrefour se tornar alvo de protestos e críticas nas redes sociais.

Manchinha vivia no estacionamento de uma loja da rede em Osasco havia alguns dias e era alimentada por funcionários. Em 28 de novembro, ela foi golpeada por um segurança terceirizado, que afirmou ter sido orientado a retirar a cadela do local, mas que não tinha a intenção de machucá-la.

O Carrefour afastou o funcionário terceirizado assim que o caso veio à tona e afirmou repudiar maus-tratos e colaborar com as investigações.

Cerca de um mês depois do episódio, o hipermercado anunciou uma parceria com uma ONG de defesa dos direitos dos animais que incluiu a criação de material de treinamento e sensibilização de funcionários e a revisão de procedimentos voltados à abordagem de animais abandonados nas lojas.

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