É falso que Manuela D'Ávila tenha liderado protestos no Carrefour de Porto Alegre

Post que viralizou no Facebook engana ao envolver nome da candidata do PCdoB à liderança de atos

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

É falsa a publicação no Facebook que afirma que o Carrefour da zona norte de Porto Alegre, onde ocorreu o assassinato de João Alberto Silveira Freitas, será fechado por conta de protestos liderados pela candidata a prefeita Manuela D’Avila (PCdoB). Na verdade, os atos foram organizados e convocados por entidades e coletivos do movimento negro, movimentos sociais e integrantes da torcida do time São José.

Ao contrário do que a postagem verificada pelo Comprova sugere, a rede de supermercado nunca anunciou fechamento ou demissão de seus funcionários. Após a morte, o mercado anunciou no Twitter que no dia 20 de novembro a loja não iria abrir: “em respeito à vítima, a loja será fechada”.

A decisão ocorreu um dia depois do espancamento de João Alberto por dois seguranças. No dia 26 de novembro, sete dias depois da morte de João Alberto, a unidade também ficou fechada. Em post no Twitter, a rede de mercados informou que “em respeito ao luto da família de João Alberto Freitas e à sociedade brasileira, nossas lojas estarão fechadas na quinta até as 14h” .

Imagem da câmera de segurança do Carrefour de Porto Alegre mostra Beto Freitas cercado por funcionários ligados ao supermercado e pessoas vendo
Assassinato de Beto Freitas em Carrefour de Porto Alegre provocou protestos - Reprodução - 19.nov.2020

Não há registro de que funcionários do Carrefour tenham sido demitidos ou que a unidade tenha sido fechada em decorrência dos protestos. Segundo a assessoria da empresa, “a loja segue operando normalmente”. Já o Sindicato dos Empregados do Comércio de Porto Alegre comunicou que não recebeu nenhuma denúncia referente a demissão de funcionários ou sobre a possibilidade de fechamento da loja.

Até o momento, foram demitidos apenas os seguranças envolvidos no espancamento: os terceirizados Giovane Gaspar da Silva e Magno Braz Borges. O Carrefour, em nota, afirmou que terminou o contrato com o Grupo Vector, empresa responsável pela segurança.

Os protestos

Manuela D’Ávila esteve presente em apenas um protesto contra o racismo após a morte de João Alberto na unidade do Carrefour à qual a postagem analisada faz menção. Foi no dia 20 de novembro, quando se celebra o Dia da Consciência Negra no Brasil.

Até a publicação desta verificação, quatro protestos foram feitos em Porto Alegre contra a morte de João Alberto. Na sexta-feira, 20 de novembro, cerca de 2,5 mil manifestantes, segundo a Guarda Municipal de Porto Alegre, se reuniram em frente ao supermercado. Um grupo pequeno de manifestantes tentou invadir o mercado, que estava fechado, gerando confronto com a Brigada Militar.

No sábado, 21 de novembro, 50 pessoas protestaram pacificamente no mesmo local por aproximadamente duas horas. Na segunda-feira, 23, o protesto aconteceu em outro local, em frente ao Carrefour da Avenida Bento Gonçalves, zona leste da cidade. Já no dia 27 de novembro, ocorreu um ato ecumênico no final da tarde, em frente à Igreja São Jorge. Manifestantes caminharam cerca de 3km até o Carrefour da Avenida Bento Gonçalves.

Ao Comprova, a assessoria de Manuela D’Ávila negou que ela tenha convocado o ato e informou que a candidata “apenas passou pelo protesto, no primeiro dia, muito antes de haver qualquer tipo de confusão”.

Verificação

Em sua terceira fase, o Comprova verifica conteúdos suspeitos que tenham viralizado nas redes sociais referente à pandemia, a políticas públicas do governo federal e às eleições de 2020. A postagem analisada nessa verificação se enquadra no último caso: difunde informações falsas sobre uma candidata e pode afetar o processo eleitoral. O conteúdo foi divulgado em pelo menos quatro publicações no Facebook, que somaram mais de 7 mil interações, entre curtidas, comentários e compartilhamentos. Também registrou 50 curtidas em uma publicação no Instagram.

Falso, para o Comprova, é todo o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma mentira.

A investigação desse conteúdo foi feita por Niara, Favela em Pauta, Poder360 e GZH e publicada no domingo (29) pelo Projeto Comprova, coalizão que reúne 28 veículos na checagem de conteúdos sobre coronavírus e políticas públicas. Foi verificada por Folha, UOL, Jornal do Commercio, Estadão e Correio.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.