As aulas de português da professora Chainy João Racy não tinham nada de monótonas para as centenas de alunos que ela ajudou a formar em Pirajuí (SP), cidade de 25 mil habitantes a 385 km da capital.
Com entusiasmo, ela fazia uma viagem no tempo para explicar a origem da língua portuguesa, incentivava leituras e exigia a montagem de pequenos espetáculos como parte da avaliação: podiam ser musicais, dramas, comédias ou declamações de poemas.
"Não havia nada melhor do que o teatro para enfrentar uma classe", disse, ano passado, em conversa com um ex-aluno transmitida pelas redes sociais.
A professora acreditava que os alunos precisavam aprender a lidar com o público e por isso recorria às artes cênicas.
Formada em letras pela USP, ela chegou a dar aulas em São Paulo durante dois anos, mas escolheu a cidade onde viviam suas irmãs para seguir a carreira no magistério. Além de português, deu também aulas de francês.
"O tempo como professora foi muito bom. Foi uma época de formação minha e dos estudantes", dizia.
Nas mensagens de despedidas publicadas por ex-alunos nas redes sociais, as lembranças são de uma professora que ensinava a amar os livros, era exigente, ajudava de forma voluntária quem precisava de reforço e participava ativamente da organização das formaturas das turmas.
Aposentada há 30 anos, ainda era saudada por ex-alunos que a encontravam na rua ou a viam na varanda da casa em que vivia. Para os professores, tinha uma dica importante: é preciso ter vocação.
"Se não gosta de lidar com jovens e crianças, sai dessa", disse, ano passado, ao falar sobre o Dia do Professor.
Chainy morreu no dia 9 de novembro, aos 86 anos, de problemas pulmonares. Deixou irmãs, sobrinhos e muitos ex-alunos que nunca esqueceram a mestra.
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