Descrição de chapéu Obituário João Orlando Duarte da Cunha (1939 - 2020)

Mortes: Levou Tancredo Neves à presidência da República

Além de político, João Cunha foi advogado criminalista

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São Paulo

Quando garoto, João Cunha já demonstrava que seria um homem revolucionário. Tinha características de líder e dominava a oratória. Chegou ao ginásio com fortes inspirações políticas e logo mostrou-se visionário.

João Cunha nasceu em Ribeirão Preto (313 km de SP). Cursou Direito em duas faculdades: uma parte no Mackenzie e outra na Faculdade de Direito Lauro Ferreira de Camargo, em sua cidade natal.

Segundo a filha, a jornalista Patrícia Cunha, 51, ele destacou-se como um advogado criminalista brilhante.

João Orlando Duarte da Cunha (1939-2020), sentado ao centro, e família
João Orlando Duarte da Cunha (1939-2020), sentado ao centro, e família - Arquivo pessoal

A luta pela liberdade individual e pela proteção dos necessitados e o desejo de transformar o mundo tornaram-se marcas de sua personalidade forte, decisiva e combativa, que atraiu admiração e repulsa na mesma medida.

João Cunha exerceu a política dentro dos ideais de liberdade e fraternidade. Foi vereador em Ribeirão Preto, por dois mandatos (1969 a 1975), ambos pelo MDB (Movimento Democrático Brasileiro).

Cunha também foi eleito deputado federal por quatro mandatos consecutivos (de 1975 a 1991), pela mesma sigla, que a partir de 1983 passou a se chamar PMDB, e fez parte da Assembleia Nacional Constituinte de 1988.

De acordo com Patrícia, foi considerado como um dos dez melhores oradores do Brasil. Tinha como um lema a frase “nunca calaram essa voz”.

João Cunha destacou-se como membro do grupo Autêntico, uma das alas que mais se opunha ao regime militar. Foi opositor ao AI-5 e denunciou publicamente o assassinato do jornalista Vladimir Herzog.

Dois números ficaram cravados em sua vida: 344, o voto que elegeu Tancredo Neves como primeiro Presidente da República após o período da ditadura militar, em 1985; e o 4, uma referência aos filhos. Cunha dizia: “os quatro sorrisos que Deus me deu.”

João Cunha sempre foi o companheiro dos filhos, presente em suas vidas desde a troca das fraldas e da hora da mamadeira.

“Ele era o coração da casa. Nos colocava em seu colo e beijava. Meu pai deixa lembranças doces”, diz Patrícia.

Movido por desafios, foi autodidata na pintura telas, tinha talento para contar causos e poesia. O livro “Meu nome é João” traz uma coletânea de textos.

“Ele era um representante de Fernando Pessoa, poeta que mais amou na vida. Por onde passou, espalhou aprendizados”, afirma Patrícia.

João Cunha morreu dia 14 de novembro, aos 81 anos. Divorciado, deixa quatro filhos e cinco netos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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