Investidores vão injetar US$ 1 bi em ônibus elétricos e mais que dobrar frota na América Latina

Recursos equivalem a mais de 3.000 veículos de emissão zero; São Paulo tem 217

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São Paulo

Uma coalizão entre 17 investidores e fabricantes anunciada nesta quinta-feira (10) pretende injetar US$ 1 bilhão para financiar o aumento da frota de ônibus elétricos em quatro cidades latino-americanas: São Paulo, Santiago (Chile), Medellín (Colômbia) e Cidade do México.

O investimento permitiria pôr em circulação mais de 3.000 desses veículos.

A Aliança Zebra (Zero Emission Bus Rapid-deployment Accelerator, ou acelerador de implantação de ônibus com emissão zero) tem entre seus investidores o BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social), a Enel (que controla a Eletropaulo) e a EDP Brasil (outra holding do setor elétrico), além de fabricantes como a BYD, Eletra e Foton.

Segundo a coalizão, toda a América Latina tem 1.962 ônibus elétricos em circulação —ou seja, o investimento aumentará em 150% o número desses veículos.

Em São Paulo, são 217 (1,5% dos ônibus em circulação na cidade), que evitam a emissão de 27 mil toneladas de CO2 por ano. Na capital paulista, 61% das emissões de gases que provocam o efeito estufa vêm do transporte público, com ônibus rodando a diesel.

Santiago, capital do Chile, tem a maior frota nesse modelo, 776 ônibus com emissão zero.

O projeto é tocado pela C40 Cities (rede de megacidades ao redor do mundo), ICCT (organização que estuda eficiência energética do transporte) e P4G (fórum de estímulo a parcerias público-privadas).

A ideia é que as fabricantes disponibilizem um modelo de veículo livre de poluentes em até 12 meses e que seja possível colocá-lo em circulação em até 18 meses.

Em São Paulo, a Transwolff, que circula na zona sul, é uma das empresas de ônibus que devem comprar veículos dentro da parceria.

Um dos entraves para a troca por veículos elétricos pelo Brasil está na crise do setor, fortemente abalado pela pandemia da Covid-19, que derrubou a demanda de passageiros. Nesta quinta (10), o presidente Jair Bolsonaro vetou um auxílio de R$ 4 bilhões ao transporte público.

Segundo a NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos), as empresas de ônibus urbanos e metropolitanos já amargam prejuízo de R$ 8,8 bilhões com a pandemia.

Segundo a Aliança Zebra, os custos operacionais e de manutenção de um veículo de zero emissão são “significativamente mais baixos do que aqueles de veículos movidos a combustíveis fósseis”. A entidade cita o exemplo de Santiago, onde uma das operadoras constatou que a operação de um veículo elétrico é 70% mais barata que de um veículo a diesel, e o custo de manutenção é 37% menor.

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