A juíza Viviane Vieira do Amaral Arronenzi, 45, foi assassinada a facadas na tarde desta quinta (24), véspera de Natal. Segundo a polícia, o autor do crime é o ex-marido dela, Paulo José Arronenzi, 52, que foi preso em flagrante.
O crime ocorreu na frente das três filhas pequenas do casal e à luz do dia, em uma das avenidas mais movimentadas da Barra da Tijuca.
Em vídeo que circula nas redes sociais e que está em análise pela polícia, é possível ver momento do crime e ouvir as crianças gritarem em desespero.
O ex-marido foi detido por guardas municipais que estavam no local e não ofereceu resistência. Ele foi encaminhado à Delegacia de Homicídios da Capital, na Barra da Tijuca. No local, não quis se manifestar. A investigação trabalha com a hipótese de que o assassinato tenha sido premeditado.
Após audiência de custódia na tarde desta sexta-feira, a prisão em flagrante de Paulo Arronenzi foi convertida em preventiva.
O corpo da juíza chegou no Instituto Médico Legal Afrânio Peixoto, no centro, e foi liberado por parentes no período da manhã. Ela deve ser cremada.
A juíza Viviane Vieira do Amaral Arronenzi integrava a magistratura do Rio havia 15 anos. Atualmente, trabalhava na 24ª Vara Cível da Capital. Antes, na 16ª Vara de Fazenda Pública.
O ministro Luiz Fux, presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) e do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), lamentou o assassinato e disse que as entidades estão "consternadas e enlutadas" e que se comprometem com o "desenvolvimento de ações que identifiquem a melhor forma de prevenir e de erradicar a violência doméstica contra as mulheres no Brasil".
"A tragédia da violência contra a mulher, as agressões na presença dos filhos, a impossibilidade de reação e o ataque covarde entraram na nossa casa, na véspera do Natal", disse ministro em nota pública.
Fux lembrou que há um grupo de trabalho no CNJ criado para enfrentar a violência doméstica e que a reflexão sobre as medidas em vigor deve ser "redobrada, multiplicada e fortalecida".
"Estamos em sofrimento, estamos em reflexão e nos perguntando o que poderíamos ter feito para que esta brasileira Viviane não fosse morta."
Felipe Gonçalves, presidente da Amaerj (Associação dos Magistrados do Estado do Rio de Janeiro) , se colocou à disposição da família e repudiou o ocorrido. “A doutora Viviane Amaral não será esquecida. Conversei esta noite com o secretário de Polícia Civil do Estado do Rio, delegado Alan Turnowski. Também falei com o delegado Pedro Casaes, que esteve no local do crime. Posso afiançar: esse crime não ficará impune. O que ocorreu nesta quinta-feira na Barra da Tijuca é absolutamente inaceitável”, afirmou.
A presidente da AMB (Associação dos Magistrados do Brasil), Renata Gil, transmitiu solidariedade aos familiares e amigos da juíza. “O feminicídio é o retrato de uma sociedade marcada ainda pela violência de gênero. Precisamos combater este mal”, disse.
Em nota, o Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro também lamentou profundamente a morte da juíza Viviane Vieira do Amaral Arronenzi.
A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) diz que instaurou inquérito para investigar o assassinato e confirmou que autor é o ex-marido da vítima, que foi preso e autuado em flagrante por feminicídio.
De acordo com a Polícia Civil, a perícia foi realizada no local do crime. As investigações continuam.
O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) também manifestou pesar pela morte e solidariedade à família e amigos da magistrada, ao presidente do Tribunal de Justiça e Associações da Magistratura.
O MP diz que irá acompanhar a investigação do crime e repudiou o feminicídio.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.