Descrição de chapéu Obituário Luiz Carlos Escorel de Carvalho (1928 - 2020)

Mortes: Dominou a língua pátria, saboreou palavras e textos

Luiz Carlos Escorel de Carvalho era um amante da língua portuguesa

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São Paulo

Mesmo sem conhecer o avô materno Manoel Clementino de Oliveira Escorel, advogado e promotor nascido em Goiana (PE), Luiz Carlos Escorel de Carvalho herdou dele o gosto pela área da justiça.

Natural de São Paulo, em 1952 Luiz Carlos formou-se em Direito na USP.

Aprovado em concurso público, tornou-se Procurador do Estado de SP, com atuação na Secretaria da Justiça.

Luiz Carlos Escorel de Carvalho (1928-2020) e família
Luiz Carlos Escorel de Carvalho (1928-2020) e família - Arquivo pessoal

De acordo com o filho Luiz Carlos Monreal Escorel de Carvalho, 47, que é advogado, após a aposentadoria, permaneceu mais 15 anos trabalhando junto à ATL (Assessoria Técnico-Legislativa). O órgão era ligado ao governo do estado.

Lá conheceu o poeta Augusto de Campos. A amizade dos dois durou a vida inteira.

Luiz Carlos era um amante da língua portuguesa, dono de uma escrita perfeita, mas técnica. Não seguiu os passos do amigo no gosto por compor poesias.

Em sua trajetória, o prazer e o intelecto eram próximos. Gostava de ler, de política e história do Brasil.

Intelectualmente curioso, aprendeu inglês após 60 anos. Devorava dicionários enquanto exigia de si ser uma pessoa mais ativa.

Nas leituras de jornais e livros, nos estudos de inglês e do direito, e nas cruzadas, a seu modo, saboreava as palavras. Luiz Carlos era recordista em formação de palavras em anagramas.

Em meio ao prazer de mexer com elas, a memória buscava as lembranças da infância, na rua Caconde, no Jardim Paulista, onde viveu. Quando as relatava, descrevia um bairro bucólico, com bondes e crianças jogando bola na rua.

Segundo a filha Ana Carolina Monreal Escorel de Carvalho, 46, que é publicitária, na juventude ele criou uma língua própria com um grupo de amigos.

“A língua do loli consistia na troca de vogais e no corte da primeira sílaba de palavras. O objetivo era conversar sobre qualquer assunto com os amigos de forma que ninguém entendesse o que diziam e depois virou piada na família. Todo mundo queria entender e falar.”

Elegante e vaidoso, deu importância aos assuntos da alma e grandeza da personalidade. Mostrou-se sempre generoso e atento ao próximo.

Apaixonado pelos filhos, nunca os influenciou em suas decisões, principalmente sobre qual carreira profissional seguir.

Até 80 anos, manteve o hábito saudável de caminhar no Parque do Ibirapuera (zona sul).

Luiz Carlos Escorel de Carvalho morreu dia 5 de dezembro, aos 92 anos, de câncer no cérebro. Deixa a esposa Edna Monreal de Carvalho, os filhos Luiz Carlos e Ana Carolina, e os netos Pedro e Laura.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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