Descrição de chapéu Obituário José Maria Mayrink (1938 - 2020)

Mortes: Jornalista cobriu eleição e beatificação de dois papas e entrevistou um santo

Com quase 60 anos de profissão, repórter José Maria Mayrink morreu nesta quarta (23)

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São Paulo

Laureado com alguns dos prêmios mais importantes da imprensa brasileira e dono de uma rara longevidade na profissão, à qual se dedicou durante 59 anos, José Maria Mayrink dizia à família que ainda tinha muito a aprender sobre a profissão.

De família mineira com forte tradição católica, ingressou no seminário, que depois trocaria pelo jornalismo. A fé e a vocação religiosa se mantiveram intactas e marcaram sua atuação como repórter.

“Sempre se colocava à disposição para escrever sobre religião. Era apaixonado pelo jornalismo e dizia ser um eterno repórter, um eterno foca, ainda com muito a aprender e contar”, lembrou a filha, Juliana.

Assim, cobriu a eleição de dois papas, Bento e Francisco, a canonização de outros dois, Paulo 6o e João Paulo 2o, e entrevistou um futuro santo. Nos últimos 20 anos, atuou como repórter especial do Estado de S. Paulo, sempre mantendo esse foco, mesmo quando descobriu uma leucemia.

Com quase 60 anos dedicados ao jornalismo, José Maria Mayrink, repórter do Estadão, morreu nesta quarta (23)
Com quase 60 anos dedicados ao jornalismo, José Maria Mayrink, repórter do Estadão, morreu nesta quarta (23) - Arquivo pessoal

Nesta quarta-feira (23), aos 82 e um ano após ter iniciado tratamento para a doença, Mayrink morreu, em sua casa, em São Paulo.

A doença o afastara da redação do jornal, à qual não ia desde o início do ano, mas não do jornalismo.

Participava de reuniões e sugeria reportagens que gostaria de fazer. Mesmo acamado, continuou a escrever e planejava atualizar seu livro “Vida de Repórter”, publicado em 2002, no qual conta as principais coberturas que havia feito até então.

Ele queria incluir os bastidores de sua última viagem a trabalho, em 2018, quando foi ao Vaticano para a canonização de dom Óscar Romero, arcebispo de San Salvador. Fora a Mayrink que o agora santo dera a última entrevista, em 1980, três dias antes de ser assassinado com um tiro quando celebrava uma missa.

“Ele se reconhecia no jornalismo. Há alguns anos, contou ter sonhado que chegou ao céu e encontrou Nossa Senhora, esticou o braço e se apresentou: Mayrink, do Estadão”, recorda a filha.

Nascido em Jequeri (MG), filho de um médico e uma professora, Mayrink passou por outras grandes redações –Diário de Minas, Correio da Manhã, O Globo e Jornal do Brasil– e escreveu 6 livros.

Seu legado está também na história que contava aos netos, sempre reunidos à sua volta nos almoços de família. Na semana passada, uma delas foi aprovada para cursar jornalismo, para alegria do avô.

Mayrink deixa a esposa, Maria José, com quem foi casado por 55 anos, as filhas Cristina, Mônica, Luciana e Juliana, e oito netos.

O velório será nesta quarta no Cerimonial Pacaembu, das 15h às 19h, seguindo as restrições e protocolos sanitários da pandemia.

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