Descrição de chapéu Obituário Antônio Sidney Falcão (1988 - 2020)

Mortes: Na pandemia, fisioterapeuta descobriu vocação pelo cuidado com pacientes

Antônio Sidney Falcão, 32, queria se especializar para dar tratamento mais humano aos doentes

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São Paulo

Foi durante a pandemia que o fisioterapeuta Antônio Sidney Falcão descobriu sua vocação. Ele queria trabalhar em hospital para dar um atendimento mais humano aos pacientes.

Desde que tinha se formado, Falcão só havia atuado na área estética da fisioterapia e sonhava em abrir uma clínica própria. Com o avanço do novo coronavírus pelo país, decidiu que queria ajudar no enfrentamento da doença.

Em maio, começou a trabalhar em um hospital de sua cidade natal, Pacajus, distante cerca de 50 km de Fortaleza. Depois, decidiu aumentar a jornada e passou a dar plantões também em uma unidade referência para o tratamento de pacientes com o vírus na capital cearense.

O fisioterapeuta Antônio Sidney Falcão começou a atender em hospital durante a pandemia
O fisioterapeuta Antônio Sidney Falcão começou a atender em hospital durante a pandemia - Arquivo Pessoal

“Ele estava muito cansado, chegava em casa triste por ver o sofrimento dos pacientes ou pelas mortes que tinha visto. Ainda assim, dizia que tinha se descoberto, queria ajudar a amenizar a dor de quem estava doente”, disse Geissilanny Castro, 25, sobrinha de Falcão.

Dos plantões nos hospitais, dizia que recuperava as energias sempre que via ou ajudava a realizar um parto. “Ele gostava de vida”, conta a sobrinha.

Apesar do encanto pelo nascimento, Falcão decidiu que queria se especializar no atendimento de quem já estava no fim da vida. No início de dezembro, começou um curso sobre cuidados paliativos.

“Ele ficava muito triste de ver a falta de humanidade dos médicos e profissionais da saúde. Sempre dizia que o cuidado não deve ser só com o paciente, mas também com a família.”

Dias depois do curso, Falcão apresentou sintomas de Covid-19 e a doença rapidamente evoluiu. Ele morreu na madrugada de 14 de dezembro aos 32 anos, poucas horas após ter encontrado a sobrinha. Apesar de não conseguir falar, sorriu e chorou ao ouvi-la cantar.

Sem filhos, mas com 11 sobrinhos, Falcão se revezava no papel de irmão mais velho e tio brincalhão. “Ele tinha idade muito próxima à nossa, então, a gente sempre estava junto. Eles nos tratava como irmãos, como filhos, amigos”, lembrou Geissilanny. Além dos sobrinhos, Falcão deixa o pai e 6 irmãos.

A dedicação à profissão fez com que passasse a ser visto como herói em Pacajus. Em seu enterro, a cidade fez um cortejo, acompanhado por ambulâncias do município, que passou em frente ao hospital onde trabalhava. “Ele deu a vida por salvar vidas.”

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