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Praias de SP ficam lotadas, enquanto interior tem lojas e bares abertos e até rave clandestina

Fase vermelha do plano de contenção à Covid-19 não foi seguida por prefeituras do litoral paulista

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Ribeirão Preto

Ao contrário do que desejavam autoridades sanitárias, o feriado prolongado do Natal foi marcado por praias lotadas no litoral paulista e estabelecimentos comerciais descumprindo no interior a fase vermelha da quarentena devido à pandemia do novo coronavírus —a mais rígida.

Lojas abriram as portas, bares mantiveram as suas atividades e até uma rave clandestina com 500 pessoas foi flagrada por uma fiscalização no interior.

O governo de São Paulo decidiu mover todas as regiões do estado para a fase vermelha do plano de contenção da pandemia nos feriados de Natal e do Ano-Novo.

Com isso, comércio não essencial, serviços, restaurantes, bares, salões de beleza e eventos, entre outras atividades econômicas, deveriam permanecer fechados nos dias 25, 26 e 27 de dezembro e de 1 a 3 de janeiro. Mas não foi o que ocorreu.

Turistas durante o feriado do Natal em praia da cidade de Itanhaém, litoral sul de São Paulo
Turistas durante o feriado do Natal em praia da cidade de Itanhaém, litoral sul de São Paulo - Ettore Chiereguini - 26.dez.20/AGIF

No litoral de São Paulo, prefeituras resolveram não seguir a decisão do governo João Doria (PSDB) sobre o retrocesso à fase vermelha.

Na Baixada Santista, as praias ficaram lotadas, sem distanciamento entre as pessoas e com uso de máscaras restrito à minoria dos banhistas.

As cidades da região litorânea decidiram fechar as praias dias 31 e 1º, para desestimular a chegada de turistas e, consequentemente, evitar aglomerações. Elas, porém, decidiram, também juntas, descartar o retorno à fase vermelha do Plano São Paulo, sob a alegação de falta de tempo para as prefeituras adequarem equipes e estruturas para o cumprimento das regras.

“Essas medidas foram comunicadas sem que houvesse possibilidade de planejamento para a administração pública preparar a fiscalização. Precisamos de organização, o que seria impossível nesse tempo tão curto. Assim, a capacidade de fiscalização dos municípios fica comprometida”, disse, via assessoria, o prefeito de Santos, Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), que preside o Condesb (Conselho de Desenvolvimento da Baixada Santista).

A Baixada, que além de Santos é composta por Guarujá, Praia Grande, Bertioga, Cubatão, Itanhaém, Mongaguá, Peruíbe e São Vicente, é uma região de domínio tucano na política: o PSDB venceu a disputa em 6 das 9 cidades, cenário que praticamente manteve o registrado na eleição de quatro anos atrás.

Em Caraguatatuba, no litoral norte, um decreto municipal da última quarta-feira (23) limitou o funcionamento de estabelecimentos comerciais por apenas 16 horas: das 20h do dia 31 às 12h do dia 1º de janeiro.

A decisão foi tomada após reunião da administração com associações do comércio, hotéis e pousadas, bares e restaurantes, shoppings e turismo.

Ubatuba também registrou praias lotadas durante o feriado prolongado.

Em Ribeirão Preto, que tinha na manhã deste domingo 118 internados em hospitais, sendo 57 em leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva), uma rave ilegal foi impedida pela Polícia Militar e a GCM (Guarda Civil Metropolitana) no fim de semana.

Chamada de Epidemia Trance, a festa aconteceria entre a tarde de sábado e este domingo numa chácara da zona sul da cidade, mas foi interrompida no fim da tarde do primeiro dia.

Pelo menos 500 pessoas estavam no local quando a fiscalização chegou, a maioria sem máscaras. A Folha não conseguiu contato com os organizadores.

Houve desrespeito também em lojas do centro da cidade, que abriram no sábado. A Acirp (Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto) considerou o decreto sobre a regressão à fase vermelha como “irresponsável e equivocado”.

Conforme a entidade, o primeiro ponto é a falta de previsibilidade, ao divulgar as medidas a três dias de sua adoção.

“Desestrutura centenas de empresas, em especial os setores de bares e restaurantes, que já adquiriram produtos perecíveis, contrataram fornecedores e realizaram reservas e vendas antecipadas”, diz trecho de comunicado da Acirp.

A entidade alega ainda que o fechamento do comércio varejista aumenta o risco de aglomerações nas datas em que sua abertura é permitida, “causando justamente o efeito contrário ao desejado”.

Em Campinas, estabelecimentos foram autuados em operações feitas por equipes de fiscalização da prefeitura nas noites de sexta-feira (25) e sábado.

Já em Presidente Prudente, uma blitz feita pela prefeitura encontrou cerca de 20 estabelecimentos abertos —lojas, restaurantes e bares— neste sábado, o que não poderia ocorrer.

A região é a única do estado que já tinha recuado à fase vermelha no dia 22, quando as mais recentes restrições foram adotadas pelo governo estadual.

A medida foi tomada devido ao índice de 83,1% de ocupação de leitos de UTI na região. Na quarta-feira (23), a cidade contabilizava 9.527 casos da doença, com 185 óbitos.

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