Descrição de chapéu Coronavírus

Com panelaços, brasileiros criticam falta de vacina e oxigênio, e pedem impeachment de Bolsonaro

Gritos de 'fora Bolsonaro' e 'assassino' foram ouvidos em todas as regiões do país

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São Paulo

Em dia de derrotas do governo Jair Bolsonaro na tentativa de receber vacinas contra a Covid-19 e de relatos de pacientes morrendo sem oxigêncio em Manaus, o presidente foi alvo de panelaço em várias cidades das cinco regiões do país na noite desta sexta-feira (15).

Com gritos de “fora, Bolsonaro” e “assassino”, brasileiros criticam a demora para o início da imunização e para o envio de mais insumos para evitar o colapso do sistema de saúde amazonense. Manifestantes também pedem o impeachment do presidente.

Projeção em prédio na Santa Cecília, bairro do centro da capital paulista - Ana Lourenço

Ao menos 19 estados e no Distrito Federal registraram protestos. Entre as cidades, estão Ribeirão Preto, no interior paulista, Rio de Janeiro, Recife, Salvador, Florianópolis, Brasília, Belo Horizonte, Fortaleza, Aracaju, Florianópolis, Porto Alegre, Vitória, Curitiba, Cuiabá, Maceió e João Pessoa.

Na capital paulista, as panelas foram ouvidas em bairros de todas as zonas da cidade. Do centro, como na Consolação, Santa Cecília, Barra Funda e Bela Vista, da zona oeste como Pinheiros e Jardins, da zona norte como Santana, Pirituba e Casa Verde e da zona sul, na Saúde e Vila Mariana, além de Anália Franco, na zona leste.

O panelaço começou por volta das 20h, antes do horário divulgado para o início da manifestação nas redes sociais, às 20h30. Postagens anunciavam: "Sem oxigênio, sem vacina, sem governo. Panelaço sexta, 20h30. #BrasilSufocado."

O coronavírus já matou mais de 208 mil pessoas no Brasil e os casos vem aumentando após as festas de fim de ano. Só nas últimas 24h, foram 1.131 mortes e 68.138 casos da doença.

Enquanto os sistemas de saúde são pressionados pela explosão de infectados, o governo Bolsonaro vem acumulando derrotas na tentativa de começar a imunização —ao menos 42 países já iniciaram a vacinação no mundo.

Nenhuma das duas vacinas esperadas para o início da campanha nacional brasileira, no entanto, foram entregues ao Ministério da Saúde.

Uma delas, a da AstraZeneca/Oxford, viria da Índia e tinha previsão de chegar neste sábado (16). Nesta sexta, porém, o governo indiano negou a entrega imediata do lote de dois milhões de doses do imunizantes, o que frustrou uma operação montada para buscar o material no país asiático. O avião está parado no Recife.

Com o veto indiano, o presidente Bolsonaro corre o risco de assistir o início da vacinação com a Coronavac, que tem sido utilizada como trunfo do governador de São Paulo, João Doria (PSDB).

A pasta da Saúde deu um ultimato ao Instituto Butantan nesta sexta pedindo que fossem entregues os 6 milhões de doses da Coronavac, mas o órgão respondeu que não vai enviar o imunizante ao governo federal porque não há um plano para distribuí-las entre os estados.

Além disso, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) ainda não autorizou a aplicação de nenhuma vacina contra o coronavírus no país. A decisão deve ser tomada neste domingo (17).

Panelaço no bairro de Perdizes em São Paulo contra o presidente Jair Bolsonaro - Danilo Verpa/Folhapress

É Manaus que, novamente, registra o primeiro maior colapso na segunda onda da doença no país.

A capital do Amazonas vive um cenário de recorde de hospitalizações pelo coronavírus e falta de oxigênio nos hospitais. O insumo tem faltado em unidades de saúde desde quinta (14), resultando na morte de pacientes por falta de oxigenação, segundo relato de médicos.​

Ainda assim, Bolsonaro afirmou que o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, tem feito um "excelente trabalho" e que ninguém administraria a atual crise sanitária melhor do que a atual gestão.

O presidente também minimizou os pedidos de impeachment ingressados contra ele na Câmara dos Deputados. Ele afirmou que não existe "nada de concreto contra ele" e que não vão tirá-lo do cargo na "mão grande".

Em entrevista à TV Bandeirantes, o presidente reconheceu que Manaus passa por uma situação crítica. Ele disse, contudo, que não pode "fazer nada", já que, segundo ele, o STF (Supremo Tribunal federal) definiu que as iniciativas cabem a estados e municípios.

A Corte, no entanto, só decidiu que os estados e municípios tinham automonia para determinar isolamento e adotar providências a fim de proteger a saúde da população, mas não impediu de o governo federal cumprir sua função para frear os efeitos da pandemia.

Nesta sexta, o ministro do STF Ricardo Lewandowski determinou, ao contrário, que o governo federal promova, imediatamente, todas as ações ao seu alcance para debelar a "seríssima
crise sanitária" instalada em Manaus, em especial suprindo os estabelecimentos de saúde locais de oxigênio medicinal.

A administração do presidente também terá que apresentar ao Supremo, no prazo de 48 horas, um plano detalhado sobre as estratégias que está colocando em prática ou pretende desenvolver para o enfrentamento da situação de emergência.

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