Alegria era a palavra de ordem para Osvaldo Francisco Noce. A administradora de empresas Luiza Araújo Noce, 45, sua filha, o define como “pessoa deliciosa de se conviver, engraçado e brincalhão, daqueles que perdiam o amigo, mas nunca a piada”.
Natural de Araçatuba (a 527 km de São Paulo), era o mais novo de quatro irmãos, filho de um gerente de cinema —profissão cheia de glamour na época— e de uma dona de casa.
Aos quatro anos, perdeu a mãe e, devido às frequentes viagens do pai, o cuidado com as crianças foi dividido entre os parentes. Anos mais tarde, seu pai casou-se novamente.
Em 1978, Osvaldo formou-se em ciências biológicas na Unesp de Botucatu (a 238 km da capital paulista).
Desde a época da faculdade, mostrou-se um folião para ninguém colocar defeitos e não perdia os desfiles dos blocos carnavalescos. Fera no agogô, cantava e sambava no Pirajá da Silva, bloco do centro acadêmico.
Quando se mudou para Sorocaba (a 99 km de São Paulo), marcava presença no Depois a Gente se Vira.
Fora do samba e da serpentina, foi um memorável lutador da causa estudantil e contra a ditadura militar.
Estudante do curso de farmácia e bioquímica da USP, participou do 30º Congresso da UNE (União Nacional dos Estudantes) realizado em outubro de 1968 em um sítio em Ibiúna (a 69 km de SP).
Encarcerado nos presídios Tiradentes e Carandiru por mais de dois meses, foi torturado. Por isso, largou a faculdade, mas manteve a militância na clandestinidade.
A vida em Sorocaba começou em 1979, já formado em biologia, quando foi trabalhar no Instituto Adolfo Lutz.
Fundou o PT em Sorocaba e pela sigla foi vereador por três legislaturas (1982-1996). Em 2005, deixou o partido e trabalhou para a formação e consolidação do PSOL no município.
Não se sabe quem ouviu o último “Firme lá, rapaz” —expressão que usava para despedir-se das pessoas.
Osvaldo Francisco Noce morreu no dia 14, aos 78 anos, por causa de uma septicemia. Deixa a esposa, Gisele, três filhos, três enteados e três netos.
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