Prefeito de Belém toma posse com projeto de lei para renda mínima

Com discurso conciliador, Edmilson Rodrigues (PSOL) assume capital paraense pela 3ª vez

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Eduardo Laviano
Belém

O novo prefeito de Belém (PA), Edmilson Rodrigues (PSOL), tomou posse do cargo nesta sexta-feira (1º) tendo como um dos primeiros atos o envio de projeto de lei para renda mínima da cidade.

Edmilson pediu urgência na aprovação do benefício de R$ 450, até o aniversário de Belém, em 12 de janeiro. Ainda não há detalhes sobre que famílias serão beneficiadas.

“Nossa cidade completa 455 anos no dia 12 de janeiro e merece esse presente que é o programa Bora Belém. Já garantimos recursos, teremos parceria com o governo estadual e eu creio que seria um grande abraço, um presente mesmo para o povo belenense. Não podemos descansar enquanto tivermos crianças passando fome na rua”, afirmou ele, que retorna ao Executivo municipal aos 63 anos.

O prefeito de Belém Edmilson Rodrigues PSOL - Facebook/Reprodução

Nacionalmente, Rodrigues tornou-se um dos poucos exemplos bem sucedidos da tão buscada frente ampla de esquerda, reunindo em sua coligação legendas como PT e PDT.

Sua ida ao segundo turno contra o bolsonarista Delegado Eguchi (Patriota) motivou uma campanha nacional nunca vista antes em eleições da região Norte, com apoios públicos de Chico Buarque, Caetano Veloso, Lucélia Santos e até Gretchen, que se casou com um saxofonista paraense e agora mora em Belém.

Ainda assim, o resultado final foi apertado: 51,76% contra 48,24%.

Durante o discurso, Rodrigues afirmou que buscará um diálogo amplo e suprapartidário.

"Belém rejeitou a continuidade e a aposta autoritária. Sou muito agradecido a todos que nos apoiaram, mesmo aqueles que não se engajaram na campanha ou que não concordam totalmente com as nossas ideias sabem que poderão contar comigo. Nosso povo só tem a ganhar com a nossa união", avaliou ele.

Edmilson disse ainda que, considerando as origens dele, ocupar o cargo de prefeito de Belém pela terceira vez é um grande privilégio.

"Meu avô paterno emigrou da Espanha, morreu pobre. Casou com a minha avó, uma negra marajoara de Soure [ilha do arquipélago do Marajó]. Meu avô materno pintava parede. Quero dedicar meu mandato ao meu pai, meu velho, que estava aqui feliz da vida me prestigiando em 1997 e hoje é vivo apenas no meu coração", disse ele, emocionado.

Além do programa de renda mínima, Edmilson também destacou que formará um grupo para limpar os canais da cidade e evitar os alagamentos, típicos do inverno amazônico que inicia em janeiro.

Antes da posse do prefeito, às 15h, ocorreu a posse dos vereadores eleitos.

Vivi Reis (Psol), renunciou ao cargo de imediato, por ser a primeira suplente do prefeito que ocupava uma cadeira na Câmara Federal. Com a ascensão de Vivi ao legislativo federal, a bancada do PSOL ganha mais uma mulher negra no Congresso.

A substituta de Edmilson faz parte de uma leva de vereadores eleitos em outubro de 2020 na capital paraense que possuem menos de 30 anos, como Bia Caminha (PT), vereadora mais jovem da história da cidade aos 21 anos, e os também estreantes Renan Normando (Podemos), João Coelho (PTB) e Matheus Cavalcante (Cidadania).

Com apoio do governo do estado, Zeca Pirão (MDB) foi eleito presidente da casa e deve ser parceiro de Edmilson em momentos decisivos, já que o governador Helder Barbalho (MDB), com demonstrações que são na maioria das vezes discretas, trata o psolista como aliado. Além dos quatro vereadores do Psol, Edmilson deve contar com uma base aliada de pelo menos 20 dos 35 vereadores empossados.

Arquiteto formado pela Universidade Federal do Pará e com doutorado pela Universidade de São Paulo em Geografia Humana, Edmilson Rodrigues já esteve à frente da prefeitura de Belém do Pará entre 1997 e 2004, eleito pelo PT.

Ele também é professor universitário e, após o fim do segundo mandato, voltou ao posto de deputado estadual, no qual iniciou a carreira política em 1986. Depois, foi deputado federal por dois mandatos.

Neste meio tempo, foi derrotado em duas tentativas de retornar ao Palácio Antônio Lemos (em 2012 e 2016), ambas as vezes por Zenaldo Coutinho (PSDB) em disputas turbulentas.

O tucano fez questão de comparecer à Câmara Municipal para realizar o gesto simbólico da entrega da faixa ao novo prefeito, já que, a pedido de Edmilson a tradicional cerimônia em frente ao Palácio Antônio Lemos não ocorreu, para evitar aglomerações.

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