Bolsonaro volta a defender retirada de radares de rodovias federais

Presidente sugeriu também zerar cobrança de pedágio de motociclistas

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Cascavel (PR) e Florianópolis

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse na manhã desta quinta-feira (4) que conversará novamente com o ministro Tarcísio de Freitas (Infraestrutura) para zerar os radares em rodovias federais.

“É um assunto que vou levar o Tarcísio de novo para conversar numa live”, afirmou. “Era uma festa no Brasil. Tínhamos mais de 8 mil pontos [de radares], conseguimos passar para 2 mil. Eu quero zerar isso daí, porque não deu certo”.

Em 2019, Bolsonaro tentou eliminar os radares, mas esbarrou na Justiça. O assunto é caro ao presidente desde os tempos de deputado federal.

“Não pode o motorista estar muito mais preocupado com o que tem no barranco para fotografá-lo do que com a sinuosidade da pista. Isso leva a acidente também”, disse.

Especialistas e organizações que trabalham com segurança no trânsito consideram o controle de velocidade um dos fatores mais importantes para reduzir o número de acidentes e mortes.

Dados obtidos pela Folha via Lei de Acesso a Informação com a PRF (Polícia Rodoviária Federal) mostram que fiscalização com radares móveis nas rodovias federais brasileiras caiu cerca de 75% em 2020 em comparação com a média dos dois anos anteriores.

Levantamento da Folha feito em 2019 mostrou que a média de mortes nas estradas brasileiras caiu aproximadamente 22% nos trechos em que há radares de velocidade após a instalação dos equipamentos, contrariando a avaliação do presidente.

Bolsonaro disse ainda que conversará com o ministro da Infraestrutura sobre a possibilidade de deixar de cobrar pedágio de motociclistas. “O que eles causam de desgaste no asfalto é zero. Vamos facilitar a vida deles.”

Ele lembrou que também é motociclista e que, de vez em quando, dá uma “fugida sem ninguém perceber por Brasília”.

As falas de Bolsonaro vieram durante a inauguração de um centro esportivo em Cascavel (PR). Ele estava acompanhado do governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD), do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e do ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni (DEM-RS).

A pauta do pedágio estava presente nas reivindicações dos apoiadores do presidente que acompanhavam o evento. Grupos de caminhoneiros reivindicavam tarifas mais baixas ao governo do estado, que negocia novos contratos de concessão das rodovias no Paraná.

INAUGURAÇÃO

A chegada de Bolsonaro causou aglomeração no aeroporto de Cascavel. Apoiadores do presidente também se reuniram nas imediações do espaço esportivo. Por lá, expuseram caminhões e colocaram cartazes com reivindicações referentes ao processo de licitação do pedágio no estado. Boa parte não vestia máscara.

O grupo que acompanhou o discurso foi mais limitado, dentro do centro de atletismo. Era composto principalmente por autoridades locais, estudantes e atletas, além de apoiadores do presidente.

Até esta quinta-feira (4), Cascavel registrou 281 mortes e 21.098 casos de Covid-19, segundo a Secretaria de Saúde do município. A ocupação de leitos de UTI dedicados a pacientes com coronavírus está na casa dos 75%. A cidade tem cerca de 330 mil habitantes, segundo o IBGE, e funciona como um polo médico para municípios menores na região.

Bolsonaro tem grande base de apoio no eleitorado cascavelense. Em 2018, recebeu cerca de 60% dos votos na cidade no primeiro turno. No segundo, aproximadamente 70%.

A obra inaugurada por Bolsonaro nesta quinta-feira (4) foi iniciada em 2015, e estava prevista para ser usada como centro de treinamento para atletas estrangeiros na Rio-2016.

O centro de atletismo será explorado por uma faculdade local em parceria com o governo paranaense, para formação de atletas e treinamento de profissionais na modalidade.

A estrutura tem cerca de 8.000 m² e inclui arquibancada, sala para fisioterapia, alojamento, pistas de aquecimento e completa, quadra e área para treino em grama.

Bolsonaro era pentatleta durante a sua juventude, e competia enquanto estava nas Forças Armadas.

PANDEMIA VEIO PARA FICAR, DIZ PRESIDENTE

Mais tarde, o presidente esteve em Florianópolis (SC), onde falou a uma plateia composta por prefeitos e representantes de municípios catarinenses.

"Lamentamos cada morte de Covid no Brasil. Não interessa a causa dela. Mas não podemos fazer com que medidas para conter uma pandemia, no futuro, venham causar mais mortes que o próprio vírus“, disse o presidente.

A declaração foi dada durante evento na Universidade Corporativa da Polícia Rodoviária Federal (UniPRF), na tarde de quinta-feira (04).

Bolsonaro foi ao local para participar da cerimônia de entrega de 225 automóveis para o Programa de Mobilidade de Assistência Social (MOB-Suas), do Ministério da Cidadania.

No discurso, Bolsonaro destacou o apoio recebido pelos catarinenses e refutou críticas ao governo. "Duvido alguém no Brasil apanhar mais do que eu, mas isso só serve para me fortalecer. Em qualquer lugar que chego, sou bem acolhido e isso prova que estou fazendo a coisa certa", disse.

"Cada vez fica mais difícil administrar um país gigante como o nosso. Por vários motivos. Não queremos culpar quem nos antecedeu, mas pegamos um Brasil quebrado econômica, ética e moralmente. E nós aos poucos vamos mudando o Brasil com a participação do nosso Congresso Nacional", destacou.

Ao tratar de críticas ao Governo, Bolsonaro defendeu as ações realizadas na pandemia. "O governo federal fez a sua parte. Os governadores e prefeitos receberam recursos e meios nossos. Em grande parte foram usados com zelo. Agora, é uma pandemia que veio para ficar. Não podemos ficar nos lastimando. Fazendo placares daquilo de ruim que vem acontecendo. Vamos lutar. Vamos vencer“.

A escolha de Arthur Lira (PP-AL) para a presidência da Câmara dos Deputados foi comemorada pelo presidente. Lira venceu Baleia Rossi (MDB-SP), nome que era apoiado pelo deputado federal Rodrigo Maia (DEM-RJ). Sem citar Maia, Bolsonaro disse que o ex-presidente da Câmara criava obstáculos.

"Eu acredito, em especial após essas últimas eleições que começaram no dia 1º de fevereiro, que o Parlamento deu sinais de que quer trabalhar. Não quer ficar refém de uma só pessoa. Era uma só pessoa que criava alguns óbices para nós".

O evento teve a presença do governador de Santa Catarina, Carlos Moisés (PSL), do ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni (DEM-RS), do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e de parlamentares catarinenses.

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