Descrição de chapéu Obituário Orowao Pandran Canoé Oro Mon (1985 - 2021)

Mortes: Líder indígena, atuou no movimento estudantil e defendeu os direitos de seu povo

Orowao Pandran, de Rondônia, foi uma das vítimas da Covid-19 no estado

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São Paulo

Liderança indígena do povo Canoé, Orowao Pandran Canoé Oro Mon, 36, era formado em gestão ambiental e cursava mestrado em letras na Universidade Federal de Rondônia.

Ganhou destaque e virou exemplo para os jovens indígenas ao atuar no movimento estudantil e na defesa dos direitos de seu povo. Era filho de duas lideranças, Maria Eva Canoé e Wem Parawan.

Morreu na quarta-feira (27), em Porto Velho (RO), vítima de complicações da Covid-19. Segundo a Coiab (Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira), ele precisou fazer hemodiálise, mas quando o aparelho chegou já havia morrido.

Natural da Terra Indígena Sagarana, em Guajará-Mirim (RO), dizia aos amigos universitários que suas pesquisas sobre diversidade cultural eram importantes para a memória de sua cultura. Afirmava ter orgulho da trajetória de seus avós, pais e irmãs na luta pelos direitos indígenas.

"Sem a presença dele no nosso meio acadêmico, o mundo perde um pouco do brilho, alegria e do arco-íris da diversidade cultural que tínhamos no mestrado", diz nota de pesar divulgada pela Universidade Federal de Rondônia.

Orowao Pandran Canoé Oro Mon, liderança indígena do povo Canoé, sorrindo em uma foto
Orowao Pandran Canoé Oro Mon, liderança indígena do povo Canoé - Reprodução

Em cerimônia de encantamento realizada no formato online, na quinta-feira (28), amigos lembraram, com emoção, a trajetória de Orowao.

"Foi um golpe muito forte para todos nós. Mas ele terá continuidade na juventude. Ele, como jovem, se colocou como uma semente teimosa", disse a amiga Vera Gabriel.

A estudante Rosa Maria Vilela, do diretório dos estudantes da Universidade Federal de Rondônia, contou durante a cerimônia virtual que ele tinha muito orgulho dos ancestrais e lamentava não ter aprendido mais com eles.

"Trazia uma dor pela violência contra o povo dele, em todos os aspectos", lembrou.

Para a amiga, ele falava sobre as dificuldades de ficar longe dos familiares e de sua terra para poder ter acesso à educação. Ao mesmo tempo, demonstrava alegria por ser um ativista na defesa dos povos indígenas.

"Era um companheiro de toda hora. Sentava para conversar, mostrava uma luz no fim do túnel", disse.

De acordo com a Coiab, chegam a 2005 os casos de Covid-19 entre os povos indígenas de Rondônia. Trinta e seis do total de contaminados morreram.

Rondônia vive uma escalada de novos casos e de hospitalizações de pacientes com a Covid-19. Com cerca de 1,7 milhão de habitantes, o estado registrou cerca de 117,2 mil casos da Covid-19, com 2.111 mortes pela doença desde o início da epidemia.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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