Lourdes Telma Vecchione era figurinha certeira nos shows da banda Made in Brazil, uma das mais tradicionais do cenário rock da capital paulista. Irmã caçula dos fundadores do grupo, sempre estava às voltas com a venda dos produtos licenciados, como camisetas, ou na plateia, curtindo o som dos irmãos Oswaldo e Celso.
A fala doce e calma de Telminha, como era chamada pelos amigos, contrastava com o som vigoroso da banda durante os shows. “Ela era uma pessoa muito querida, muito gentil. Estava sempre sorrindo. Tinha um humor fino, muito peculiar. Era uma delícia conversar com ela”, conta Gigi Jardim, amiga e produtora executiva da banda.
As conversas com Telma sempre giravam em torno de suas paixões: música, gatos e a família. Era muito ligada aos sobrinhos, filhos de Oswaldo, e aos sobrinhos-netos, e estava sempre pronta a ajudá-los. “Ela era o ponto de ligação entre todos eles. Os meninos eram apaixonados por ela. Era muito bonita a relação da família com ela”, relembra Gigi.
Era também o xodó do irmão Celso, dez anos mais velho. Os dois moraram juntos a vida toda, na Pompeia (zona oeste de SP). “Eu sou dez anos mais velho que ela. Praticamente a criei junto com a nossa mãe. Eu vi os primeiros passos, as primeiras palavras dela. A gente sempre dividiu a vida”, conta Celso Vecchione, 72.
A convivência ininterrupta em razão da pandemia estreitou ainda mais a amizade dos irmãos. Sem fazer shows por causa da quarentena há quase um ano, Celso e Telma passavam o tempo vendo filmes, conversando e dividindo as tarefas de casa.
“Ela tinha gênio forte, mas era uma pessoa tão boa que a convivência sempre foi muito fácil. Não sei se vou conseguir superar a perda dela”, lamenta o irmão.
Telma morreu aos 62 anos em decorrência de um infarto no último dia 19 de janeiro, após passar mal em casa. “O que mais doeu é que a gente nem pode se despedir dela direito. O velório teve de ser muito rápido e sem a presença de muitas pessoas que tanto gostavam dela”, diz Gigi.
Deixa os dois irmãos, sete sobrinhos, sobrinhos-netos e muitos amigos roqueiros da noite paulistana.
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