Descrição de chapéu Obituário Cleyton José da Silva (1982 - 2021)

Mortes: Levou a cultura do terreiro da Xambá pelo Brasil afora

Guitinho da Xambá fundou o Bongar ainda adolescente em Olinda (PE)

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São Paulo

Cleyton José da Silva, o Guitinho da Xambá, era ainda adolescente quando resolveu montar o Bongar, grupo dedicado a difundir a cultura popular de matriz africana de Pernambuco Brasil afora.

Nascido e criado no terreiro da Xambá, em Olinda, o músico era apaixonado pelos ritmos dos tambores e pela cultura que o formaram.

Guitinho da Xambá difundiu cultura negra de Pernambuco pelo Brasil afora
Guitinho da Xambá difundiu cultura negra de Pernambuco pelo Brasil afora - Reprodução

O Coco da Xambá, por exemplo, é ritmo que só se encontra ali. Se você já ouviu e sabe o que significa, muito disso pode ser devido a Guitinho e ao trabalho do Bongar.

“Ele não era de deixar nada pra depois, era aquele tipo de pessoa que não esperava amanhã, estava sempre na luta pelos direitos do povo negro e de sua religiosidade”, diz Marileide Alves de Lima, 54, companheira de uma vida de Guitinho.

“Ele dormia três horas por noite. Estava sempre com a cabeça fervilhando de ideias”, afirma ela, que também era assessora da banda.

O músico era ogã no terreiro da Xambá, responsável pelo toque dos tambores e uma liderança. Mas não só.

Além das atividades religiosas e com o Bongar, criou e manteve grupos culturais para crianças, adolescente e idosos no terreiro.

No final do ano passado, diz Marileide, Guitinho foi diagnosticado com síndrome de Cushing, uma doença rara causada pelo excesso de cortisol no sangue e que causa desordem hormonal e inchaço nos pacientes.

Neste mês, o músico se internou para passar por uma cirurgia em decorrência da doença. Enquanto fazia os exames preparatórios, Guitinho sofreu um acidente vascular cerebral hemorrágico.

“No começo parecia que tinha sido leve, mas no dia seguinte ficou claro que tinha sido um AVC muito grande”, diz Marileide.

Na quarta-feira (24), foi constatada a morte cerebral do músico. Os tambores do terreiro da Xambá, em Olinda, ficaram em silêncio.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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