Descrição de chapéu Obituário Luís Fernando de Abreu Fagundes (1979 - 2021)

Mortes: Protegeu quem amava até o último fôlego de vida

Luís Fernando de Abreu Fagundes salvou filho e sobrinha antes de ser engolido por ondas de lagoa em Santa Catarina

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Gonçalves (MG)

Proteger quem mais amava foi a principal característica de Luís Fernando ao longo de seus 41 anos de vida.

Não saía do pé da mãe, que dizia ser seu maior exemplo. Ana, 76, perdeu o marido, na época com 31 anos, por insuficiência renal. Sozinha, criou os quatro filhos pequenos, incluindo Luís, como doméstica, na cidade de Canoas, na região metropolitana de Porto Alegre.

Luís retribuía o esforço da mãe em ligações diárias e passeios. O cuidar estava tão presente em sua essência que chegou a fazer um curso técnico em enfermagem.

Luís Fernando, 42, com os filhos Roger, 17, e Nicolas, 8
Luís Fernando, 42, com os filhos Roger, 17, e Nicolas, 8 - Arquivo Pessoal

A enfermagem foi a primeira opção profissional porque Luís sempre auxiliava familiares e vizinhos doentes quando estes estavam em processo de recuperação.

Mas a irmã Elisângela Abreu, 42, diz que não era bem isso que Luís queria. “Ele não se adaptou profissionalmente na função”, afirma. Luís se deu bem mesmo quando conseguiu entrar, via concurso público, na Brigada Militar, a Polícia Militar do Rio Grande do Sul.

Lá, aprendeu a ter disciplina e, apesar do risco inerente à profissão, sabia da importância da função. “Era uma pessoa que nunca se meteu em encrenca seja em casa ou no trabalho”, disse Elisângela.

Longe da farda, a paixão era mesmo o futebol. Chegou a disputar uma vaga no banco de talentos do Santos. No Rio Grande do Sul, conseguiu disputar campeonatos como centroavante, mas abandonou as chuteiras por causa de um estrabismo, que afetou parte de sua visão.

Mantinha o time "Startak", cujas partidas eram sagradas em todas as noites de quarta-feira.

O militar passou 15 anos na Brigada Militar, mas almejava voos mais altos. Estudou direito e se pós-graduou na área penal. Seu grande sonho era virar delegado. A investigação de crimes, disse a irmã, era um chamariz para Luís. Mas o sonho, literalmente, naufragou no início deste mês.

Luís passava um final de semana com parte da família no litoral sul de Santa Catarina. O mar revolto, na ocasião, fez com que eles optassem por entrar numa lagoa que fica na praia do Rosa, em Imbituba.

Apesar de mais calma, a lagoa possui conexão com o mar e, na tarde daquele dia 6, a força das ondas do mar fez o nível do alagado subir rapidamente e arrastar banhistas para uma região mais profunda.

Luís, o filho caçula Nicolas e a sobrinha do militar foram tragados pela correnteza, mas o soldado conseguiu salvá-los antes de ser engolido por um forte redemoinho.

Seu corpo foi encontrado 1h30 depois por uma equipe de mergulhadores de uma cidade vizinha e enterrado sob honras militares. “Ele protegeu os seus até o último fôlego de vida”, disse a irmã.

Luís deixou os filhos, Nicolas e Roger; a mulher, Maria Luísa; a mãe, Ana; três irmãos, três sobrinhos e muitos amigos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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