Descrição de chapéu Obituário Álvaro José Frade (1961 - 2021)

Mortes: Integrou o Paranga, banda que uniu música caipira ao rock

Nhô Lambis era percussionista e ajudou a refundar o Carnaval de Marchinhas de São Luiz do Paraitinga (SP)

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Gonçalves (MG)

A música deu a régua e o compasso usados para Nhô Lambis construir uma trajetória de sucesso em shows, Carnavais e espetáculos Brasil afora.

Nhô Lambis era o nome artístico de Álvaro José Frade. No palco, parecia ter PhD em percussão tamanha era a intimidade com o instrumento.

Também era tido como mestre por seus conterrâneos de São Luiz do Paraitinga (SP), ao formar gerações de outros músicos.

Na cidade turística, o percussionista deixou seu nome gravado no cancioneiro nacional ao integrar o grupo Paranga, criado na segunda metade dos anos 1970.

Nhô Lambis, 59, morto por suspeita da Covid-19
Nhô Lambis, 59, morto por suspeita da Covid-19 - Arquivo Pessoal

A banda nasceu do casamento musical entre a família Frade, representada pelos irmãos Nhô Lambis e Galvão; e a dos Santos, com os irmãos Negão, Parê, Nena e Pio; além de Renata, a esposa de Negão.

O Paranga atraiu holofotes ao mesclar o ambiente e a poética caipira com influências do rock e do choro.

O primeiro disco da banda “Chora Viola, Canta Coração”, de 1982, chamou a atenção de outros artistas inquietos da capital paulista que também se debruçavam em experimentos para expandir os limites da música brasileira.

Era a Vanguarda Paulistana, movimento dos anos 1980 que uniu de Arrigo Barnabé a Itamar Assumpção (1949-2003) passando por Ná Ozzetti, Luiz Tatit e o pianista e compositor José Miguel Wisnik, só para citar alguns nomes.

Já na capital paulista, o Paranga integrou a Vanguarda Paulistana se apresentando em casas de shows e em palcos montados na avenida Paulista.

Nhô Lambis dizia ao filho Camilo Frade, 24, que o grupo sempre era revistado pela polícia por onde passava “por causa do visual hippie dos integrantes”.

O Paranga também foi o responsável por fincar as bases para a refundação do Carnaval de São Luiz do Paraitinga, em 1981 –até aquele ano, a cidade havia ficado 20 anos sem realizar a folia.

O grupo resgatou a tradição das marchinhas autorais a partir das composições de Elpídio, o pai dos irmãos Santos, realizadas entre as décadas de 1940 e 1950.

Capa do primeiro disco do Paranga; Nhô Lambis é o segundo à direita da foto
Capa do primeiro disco do Paranga; Nhô Lambis é o segundo à direita da foto - Divulgação

A volta das marchinhas renderam, além do Carnaval disputado, um festival que atraía muitos turistas de várias partes do país para São Luiz do Paraitinga até o início da pandemia de Covid-19.

Nhô Lambis nunca se afastou do Paranga e também tocava no Estrambelhados, banda criada em 2005. Mas a pandemia enclausurou o músico, que passou a ficar muito ansioso com a disseminação do coronavírus.

Nas últimas semanas, Nhô disse estar sem apetite, com mal-estar e insônia. Seu quadro de saúde se agravou, e uma tomografia mostrou que o seu pulmão estava muito comprometido, um sinal da chegada do coronavírus.

O músico foi levado para Taubaté (SP), onde ficou internado no leito de um hospital de campanha. Neste último sábado (6), comemorou os 24 anos do filho Camilo e disse que queria logo sair dali.

Na segunda (8), sofreu uma parada cardíaca e não resistiu. Nhô Lambis aguardava tomar a vacina contra a Covid-19 para comemorar seus 60 anos em novembro, mas não deu tempo.

Ele deixa os filhos e também músicos, Caio e Camilo, seis irmãos e uma legião de fãs tornados amigos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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