Descrição de chapéu Obituário Vera Lúcia dos Santos (1955 - 2021)

Mortes: Ensinou aos filhos o bem e a não adiar a felicidade

Vera Lúcia dos Santos era solidária e participou de ações na AACD e com moradores em situação de rua

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São Paulo

Apesar de ter crescido no seio de uma família de atuação católica muito intensa, a paulistana Vera Lúcia dos Santos ensinou aos filhos que aproximar-se de Deus significa muito mais fazer o bem ao próximo do que ir à igreja com frequência, mesmo sem vontade.

Dona de um pensamento mais desapegado dos compromissos semanais com a religião, Vera nunca se afastou dos preceitos de Deus.

Concretizou o bem em uma lista de ações solidárias. Colaborou por dez anos no departamento de próteses da AACD (Associação de Assistência à Criança Deficiente), participou diversas vezes do Natal Solidário realizado por um grupo de igrejas do bairro do Brás (centro), distribuindo comida a moradores de rua, adotou muitas pessoas com o seu amor fraterno e doou-se a todas, mais do que a si mesma.

Vera Lúcia dos Santos (1955-2021)
Vera Lúcia dos Santos (1955-2021) - Arquivo pessoal

“A maior das ações foi transformar a própria casa em um leito de hospital por dez anos para cuidar do seu irmão, João Gonçalves do Santos, após sofrer um AVC que o deixou em estado vegetativo. Lembro-me com carinho das tardes em que meu namorado, meu irmão e eu assistíamos aos jogos da Ponte Preta na sala, vibrando com o nosso tio, regados de um bom café de Capitólio [Minas Gerais], nossa terra natal”, conta Fernanda Argentino Tellini, 38, publicitária.

Nascida em meio à geração de mulheres que ainda conviviam com a submissão ao masculino, a influência da irmã mais velha, que trabalhava com enfermagem desde os 15 anos de idade, foi fundamental para a sua liberdade e autonomia como mulher.

Casou-se aos 24 anos de idade e teve dois filhos. Divorciou-se antes do mais novo completar um ano, mas venceu as dificuldades de ser mãe solteira.

Vera trabalhou no Banco Noroeste e nos últimos tempos, já aposentada, era corretora de imóveis.

Em 2016, descobriu um câncer nas mamas e o tratou com força e sabedoria. “Ela se reinventou e não postergou suas vontades: reencontrou amigos, entrou para a aula de hidroginástica, fez muitas festas, viajou e namorou. Foi feliz”, diz Fernanda.

Mesmo com todos os cuidados, Vera foi infectada pelo coronavírus, que comprometeu 98% dos pulmões. Ela morreu dia 12 de abril, aos 66 anos, por complicações de Covid-19. Deixa os filhos Fernanda e Felipe, os netos Pedro e Íris, além de amigos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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