Descrição de chapéu Obituário Aloy Jupiara (1965 - 2021)

Mortes: Um apaixonado por samba de raiz e mídias sociais

Jornalista e autor de dois livros, Aloy Jupiara criou sites de notícias dos jornais Globo e Extra

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Rio de Janeiro

“Marquês de Sapucaí. Sambódromo, deixei uma rosa branca com a inscrição Resistência”. Assim se inicia a última postagem do editor-chefe do Dia, o jornalista e escritor Aloy Jupiara, nas redes sociais.

Publicada em 15 de fevereiro, junto com a fotografia de uma rosa branca fincada nas grades do Sambódromo, a mensagem de Aloy é uma ode ao samba e aos profissionais de saúde.

“Pelo Carnaval, pelo samba, pela saúde das pessoas, pelos que perderam amigos e parentes, pelos que se sentem desprotegidos por políticas públicas, e resistência para todos os profissionais de saúde da linha de frente do combate à Covid, alguns dos quais pereceram nessa luta. Gratidão a vocês."

Aloy morreu na noite de segunda-feira (12) após duas semanas de luta contra a Covid-19. Ele tinha 56 anos, 34 deles dedicados ao jornalismo.

Formado pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), Aloy trabalhou de 1987 a 2000 –como repórter, coordenador e subeditor das editorias Rio e Nacional– no jornal O Globo. Entre 2001 e 2004, foi editor do GloboNews.com, site que ajudou a criar.

O jornalista Aloy Jupiara - Reprodução

De 2004 e 2009, foi editor executivo de Projetos Especiais e, depois, editor executivo de Interatividade do jornal, sendo um dos criadores da página do RioShow e da seção de recebimento e publicação de conteúdo noticioso gerado pelos leitores.

Entre 2009 e 2015, liderou a equipe de desenvolvimento do site do jornal Extra. Diretor de Redação do Extra à época, Bruno Thys lembra que, um pioneiro na transição do jornalismo analógico para o digital, Aloy gostava de trabalhar à noite.

"Essa sua opção por trabalhar à noite produziu um episódio prosaico: um dia já de madrugada, desligaram o elevador com ele dentro. Gritou por ajuda e, nada. Relaxou e dormiu até religarem o elevador, na manhã seguinte”, conta.

De 2015 a 2018, integrou a gerência de inovação digital do Infoglobo, equipe que foi responsável pelo desenvolvimento dos aplicativos do Grupo Globo. Foi editor do site do Dia, assumindo há oito meses o cargo de editor-chefe do jornal.

Um aficionado pelas mídias digitais e pelo cinema, Aloy sempre carregava consigo um livro. Ele é coautor de "Nos porões da contravenção" (2015) e "Deus tenha misericórdia dessa nação" (2019), fruto de uma parceria com o jornalista Chico Otavio.

Estudioso de religiões de matriz africana, Aloy era apaixonado por Carnaval e samba de raiz. Foi um dos responsáveis pelo reconhecimento do samba como patrimônio imaterial do Brasil. Ele integrou o conselho do Museu do Samba e coordenou a organização do prêmio Estandarte de Ouro, concedido às escolas do Grupo Especial.

Torcedor do Império Serrano, assistia aos ensaios das escolas de samba no chão das quadras, ao lado de passistas e ritmistas, dispensando convites para ocupar os camarotes. Chico Otávio conta que o amigo foi ovacionado ao ter seu nome anunciado pelo puxador da Mangueira durante um ensaio.

Dono de opiniões firmes e de senso de humor refinado, Aloy defendia com paciência seus pontos de vista. Sem alterar o tom de voz. Era meticuloso e organizado. Gentil, ele caminhava com passos leves pelas ruas do Cochambi, bairro de onde nunca quis sair, na zona norte do Rio.

“Aloy tinha convicções firmes e uma ética exemplar. Mas as defendia com leveza e suavidade. Era corajoso e gentil, um amigo sempre disponível”, diz Chico Otavio.

Seu corpo será cremado nesta quarta-feira (14).


coluna.obituario@grupofolha.com.br

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