Descrição de chapéu Folhajus

PM irmão do governador Witzel, do Rio, é preso em SP em operação de combate ao PCC

Sargento foi preso em flagrante quando policiais encontraram armas e munições ilegais; ação é desencadeada por Promotoria e polícia de SP

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São Paulo

O sargento da Polícia Militar paulista Douglas Renê Witzel, irmão do governador afastado do Rio Wilson Witzel (PSC), foi preso na manhã desta quinta-feira (22), em Jundiaí (SP), durante operação de combate à facção criminosa PCC.

Douglas trabalhou por meses na assessoria militar do prefeito Bruno Covas (PSDB), mas foi transferido após concluir curso de sargento da corporação.

A prisão, realizada pela Corregedoria da Polícia Miltiar, faz parte de uma ação conjunta com o Ministério Público de São Paulo que investiga pessoas ligadas ao crime organizado paulista.

foto de irmão do Witzel
O sargento da PM Douglas Witzel (camiseta azul), preso nesta quinta (22); PM é irmão do governador afastado do Rio, Wilson Witzel (PSC) - Redes Sociais

Inicialmente, o irmão do governador seria alvo de busca e apreensão por parte da Corregedoria, conforme decisão do juiz Ronaldo João Roth, da 1ª auditoria do TJM (Tribunal de Justiça Militar), mas acabou preso em flagrante porque, durante as buscas, foram encontrados objetos ilícitos em sua casa.

Segundo o registro oficial, havia um revólver calibre 38, municiado, com a numeração raspada, um simulacro de pistola, além de uma munição e dezenas de cartuchos deflagrados, de calibre 380, .38 e .40.

Douglas alegou que não sabia que o revólver estava guardado entre suas coisas e que tal armamento seria do sogro dele, já falecido.

De acordo documentos obtidos pela Folha, durante investigação do Ministério Público, um policial militar passou a ser monitorado após trocar telefonema com criminosos e repassar informações a um deles.

No último dia 19 de março, esse mesmo policial teria recebido nova ligação do criminoso às 0h36. A partir daí, segundo o documento, o PM deixou o telefone ligado para que o criminoso ouvisse as comunicações da polícia.

O telefonema demorou quase duas horas e coincidiu com o momento em que os criminosos praticavam um furto a um supermercado. “Basicamente o policial militar deixou seu telefone ligado durante todo o tempo da ação dos criminosos, a fim de que eles pudessem acompanhar a rede de rádio da polícia militar local”, diz trecho do documento.

Ainda segundo o documento, nesse período, esse policial militar faz outra ligação com seu aparelho particular para policial superior a ele “para tratar de ocorrência diversa em andamento, distribuída para atendimento de sua unidade de serviço".

“Na conversa o policial nomeia o outro de ‘chefe’, informando que havia ligado no conselho tutelar, sem sucesso, e que procuraria um familiar do envolvido para acelerar o andamento da ocorrência, no intuito de obter o seu aval. Ao final um policial pergunta ao outro se este ‘copiou’ a situação e ri”, diz documento.

Em investigação posterior, os investigadores descobriram uma ocorrência envolvendo menor de idade horas antes, um “ato infracional” atendido pelos policiais militares Rodolfo Barboza Luz e Elizeu Forquilha Julio. Assim, conseguiram identificar os responsáveis pela ligação aos criminosos.

De posse do histórico de ligações de telefones investigados, os investigadores chegaram ao nome de Douglas Witzel, que teria recebido a ligação de Luz naquela noite, no momento em que falava com os criminosos.

A investigação agora quer saber se o sargento tinha conhecimento do que os policiais faziam ou se também estava sendo enganado. Por ora, não há provas da ligação dele com esse crime, segundo policiais ouvidos pela Folha, e ele não seria preso nesta quinta se não fossem os objetivos ilegais.

Já os PMs Luz e Julio tiveram prisões preventivas decretadas pelo envolvimento com criminosos.

A operação Rebote do Ministério Público está sendo desencadeada também em Itapira, Mogi Mirim, Mogi Guaçu, Estiva Gerbi, Valinhos, Indaiatuba e Várzea Paulista, todas cidades no interior de SP.

Até o momento, segundo o Ministério Público, foram apreendidos diversos materiais relacionados à organização criminosa, entre eles armas de fogo, entorpecentes, celulares e cerca de R$ 60 mil.

Segundo a Promotoria, as investigações, iniciadas em setembro de 2020, revelaram que criminosos investigados ocupavam funções de liderança regional do PCC e no tráfico de drogas das respectivas cidades. Foi descoberto na investigação o suposto envolvimento de policiais militares em crime de furto de caixas eletrônicos, resultando na prisão em flagrante de dois integrantes de uma quadrilha.

A Folha não conseguiu contato com a defesa dos policiais envolvidos.

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