Descrição de chapéu Coronavírus

População lota parques de SP e adere ao uso de máscaras, mas acessório some nas esquinas boêmias

Neste fim de semana, restrições a bares, salões de beleza, restaurantes e cultos foram relaxadas

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Movimentação no parque Villa-Lobos após a reabertura das áreas de lazer em SP Danilo Verpa/Folhapress

São Paulo

A população da capital paulista lotou os parques da cidade neste fim de semana de relaxamento das medidas restritivas, com alta adesão à utilização de máscaras.

A Folha esteve no parque Ibirapuera, no Villa-Lobos e no parque da Juventude. Em um dia de temperatura alta e muito sol, todo estavam bastante cheios.

O manobrista Adriano Araújo dos Santos, 35, foi com sua mulher e o filho de um ano e meio para o parque Villa-Lobos na manhã deste domingo, 25. A família diz ter permanecido longe de aglomerações, e pai e mãe colocaram máscaras quando a reportagem se aproximou.

"A gente estava se sentindo preso, estávamos estressados em casa. É bom sair um pouquinho, dar uma volta", disse. Ele e a mulher disseram que uma preocupação causada pelo confinamento é a saúde mental da criança, que enfim pode brincar ao ar livre. "Ele ficou mais tranquilo", disse a atendente de marketing Daiane, 25.

O ponto crítico, citado também pelos entrevistados, era a fila para alugar e devolver bicicletas, com filas e aglomerações. A reportagem não viu atividades nas quadras esportivas nem do Villa-Lobos nem do Ibirapuera. Já no parque da Juventude as quadras de tênis estavam sendo usadas, embora houvesse fitas de isolamento na entrada de cada uma delas.

No parque Ibirapuera, o dentista Eduardo Younis Schiesari, 36, estava acompanhado de sua mulher e do cachorro do casal. "Vi pouca gente sem máscara, e essas pessoas estavam distantes de outras pessoas", disse. "A gente está em um lugar amplo e aberto, me sinto com baixo risco [de pegar o coronavírus]."

Schiesari acha que a máscara deveria ser utilizada mesmo em tempos sem pandemia "em lugares específicos, como no transporte público", diz.

Stephany Marques, psicóloga de 27 anos que está grávida, disse que o isolamento estava impondo a ela problemas de saúde mental. "Estou longe dos meus pais, que estão no interior, e me sinto confinada demais. Para mim está sendo importante sair no sol. Estava sentindo muita falta do ar livre. Para a minha cabeça está sendo uma maravilha."

As regiões de bares, porém, ainda não se adequaram às orientações sanitárias da pandemia de Covid-19.

Nos últimos dois dias, o estado de São Paulo entrou na segunda etapa de transição do Plano SP para a fase laranja, com abertura de atividades de bares, restaurantes, parques, salões de beleza e cultos religiosos.

O recuo nas medidas de contenção da pandemia causada pelo coronavírus permitiu frequentar esses lugares, que precisaram, contudo, limitar o horário de funcionamento para até 8 horas por dia —exceto parques— e cumprir a ocupação de no máximo 25% de suas capacidade, além de seguir protocolos sanitários. Restaurantes, em tese, só poderiam funcionar das 11h às 19h.

No sábado (24), houve, no entanto, desrespeito às regras, com estabelecimentos estendendo suas atividades para além desse limite. Entre as 19h e as 20h, a fiscalização foi fraca no entorno do largo da Batata, por exemplo, e mais severa no cruzamento da rua Peixoto Gomide com a rua Augusta, onde costumam ocorrer aglomerações. Havia muita gente e pouco respeito a utilização de máscaras e ao distanciamento social.

Movimentação na noite de sábado (24) em Pinheiros - Bruno Santos/Folhapress

Muitos bares e restaurantes respeitaram as restrições de contenção da pandemia, mas após o horário limite das 19h ainda era possível identificar casas com portas abaixadas até a metade e ambulantes em atividade, vendendo bebidas, comida e cigarros.

Na avaliação dos especialistas, o governo de São Paulo tem relaxado de forma prematura as restrições impostas a atividades que podem provocar aglomerações e acelerar a propagação da Covid-19. O Brasil registrou 2.986 mortes pela Covid-19 e 69.302 novos casos da doença no sábado (24). Com isso, o país chega a 389.609 óbitos por Covid e a 14.307.412 pessoas infectadas desde o início da pandemia.

Na praça Roosevelt, a reunião de centenas de pessoas chegava a interromper o trânsito de carros de uma via lateral conhecida por ser endereço de bares e teatros. Às 21h30, havia grupos com caixa de som ligadas e pessoas dançando. Poucos utilizavam a máscara de forma correta.

"Cheguei às 15h. Não achei a rua cheia, comparando com o que normalmente é. Na mesa [de um restaurante] eu ficava sem máscara, mas se fosse ao banheiro colocava a máscara. Risco sempre tem, mas é muito pouco. É só não ter muvuca", disse o administrador Jorge Pacheco, 39, que colocou a máscara para falar com a reportagem em uma rua no entorno do largo da Batata. Como muitos ali, ele retirava a máscara para beber, principalmente. "Mas só faço quando me sinto seguro para isso", disse.

Um jovem que não quis se identificar justamente porque não estava usando máscara disse que houve grande movimentação durante a tarde ensolarada e que só não correu riscos porque já teve Covid-19 no fim do ano passado e considera que desenvolveu imunidade.

Houve movimentação alta na praça Benedito Calixto, em Pinheiros, onde centenas de pessoas permaneceram nas ruas mesmo após o fechamento dos bares às 19h.

Neste fim de semana as igrejas também abriram para cultos religiosos. No Templo de Salomâo, da Universal do Reino de Deus, na região leste, um culto iniciado às 18h prosseguiu até as 19h40, com associações entre a pandemia e o Livro do Apocalipse. Houve respeito à utilização de máscaras e medição da temperatura de quem entrava. Porém, como os fiéis são obrigados a deixar celulares em um guarda-volumes no estacionamento do templo, o fim da sessão foi marcado por uma aglomeração com centenas de pessoas.

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