De curiosidade aguçada, a carioca Vania Lucia Pavlova era bem informada em relação aos principais acontecimentos do mundo e também da sua vizinhança. Por isso, o pai Wadin Pavlov a chamava carinhosamente de Repórter Esso.
Vania era a segunda mais nova de cinco filhos de um casal de comerciantes. De um sítio na região de Paracambi, no Rio de Janeiro, a família mudou-se para o bairro carioca Padre Miguel e depois para o Flamengo. Lá, Vania viveu dos 25 anos até os últimos dias.
De presença contagiante e comunicativa, Vania enchia os ambientes de alegria. Como qualquer jovem, tinha sonhos. Um deles, de se formar professora, foi realizado ao terminar o curso no Instituto de Educação Sarah Kubitschek, em Campo Grande, zona oeste do Rio.
Vania foi professora na Escola Raposo Tavares, hoje chamada de Espaço de Desenvolvimento Infantil Antônio Raposo Tavares, na Gamboa, no Rio.
A fama de Repórter Esso quando criança deu lugar à de excelente alfabetizadora na idade adulta. Com paciência e dedicação, mudou a vida de crianças com dificuldade de aprendizagem. Na escola, chegou a vice-diretora e ainda mantinha contato com alguns dos seus alunos do passado.
Vania não se casou e nem teve filhos, mas foi a melhor tia que alguém poderia ter. Os sobrinhos e os sobrinhos-netos eram os grandes amores de sua vida. Para eles e seus amigos, Vania virava tia Vaninha.
No papel de sobrinha, também foi a melhor, pois cuidou das tias, da mãe, de amigas que ficaram doentes e da irmã mais nova, já falecida.
“Tia Vaninha era intensa, amorosa e especial. Passava meus dias falando com ela na pandemia. Ela me ensinou a ler de tudo e também a ouvir os discos do Chico Buarque dos anos 1970. Minha tia era apaixonada pelo Chico e esteve em seu último show”, conta a jornalista Adriana Pavlova, 51.
Também antes da pandemia, Vania foi entrevistada para um documentário sobre a família materna. Para ela, o filme foi uma forma de eternizá-la.
“A tia dizia que o documentário ficaria pro resto das nossas vidas e os nossos descendentes, que seria lembrada para sempre!”, diz Adriana.
Vania morreu aos 75 anos, por complicações de uma trombose. Deixa a irmã Patrícia, o cunhado Joel, seis sobrinhos e os sobrinhos-netos.
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