O temperamento forte Antonio Rodriguez Gonzalez trouxe da Espanha, onde nasceu.
Aos sete anos, deixou sua terra natal com a família e fixou residência em Cianorte, no Paraná.
A responsabilidade interrompeu sua infância cedo. Aos oito anos, Antonio já trabalhava como entregador na padaria de seu pai. Na escola, terminou o segundo grau e entrou para a faculdade de Contabilidade, que abandonou.
Ainda jovem, decidiu morar em São Paulo. Anos depois, voltou a Cianorte, onde abriu uma padaria. Como o negócio não vingou, fechou o estabelecimento e retornou a São Paulo e abraçou a profissão de empreiteiro.
Otimista, persistente e bravo, Antonio dizia que, às vezes, era preciso ser briguento para resolver certas coisas. Tão forte quanto o seu temperamento era a fé, mesmo perante os problemas.
A dona de casa Antonia Maria Cabral Rodriguez, 66, era adolescente quando começou a namorar Antonio.
O destino deu uma pausa de dois anos na história de amor, por causa da mudança dele de Cianorte para São Paulo. Depois, retomaram o tempo perdido: namoraram e casaram em seis meses. Tiveram três filhos, um dos quais morreu aos 20 anos.
Corintiano fanático, discutia futebol como ninguém e acertava os palpites que dava sobre o time. Presente no estádio em quase todos os jogos, tinha olho clínico para novos jogadores: sabia dizer se o novato seria ou não craque.
Segundo o filho Henrique Cabral Rodriguez, 31, Antonio presenteava os filhos com livros e fez o mesmo com as netas. Com elas, guardava um segredo: a gaveta onde escondia chocolates.
Impedido pela pandemia de Covid-19, Antonio não chegou a conhecer a neta Maria Luíza, de um mês.
Com humor, dizia à família que no momento de sua morte partiria um corintiano contrariado.
Antonio Rodriguez Gonzalez morreu dia 23 de abril, aos 69 anos, por complicações de Covid-19. Deixa a esposa, dois filhos e três netas.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.