Primo de segundo grau do escritor João Guimarães Rosa, Francisco Guimarães Moreira Filho —ironicamente apelidado de criolo por ser branco demais— era o único remanescente vivo da viagem que deu origem a uma joia da literatura brasileira: “Grande Sertão: Veredas”.
De acordo com a aposentada Jucelma Moura Guimarães, 61, filha de Criolo, em meados de 1952 seu pai, Guimarães Rosa e alguns vaqueiros fizeram parte da comitiva organizada por Francisco Guimarães Moreira (pai de Criolo) para atravessar o sertão mineiro, uma viagem de dez dias.
O grupo saiu da fazenda Sirga, onde hoje é o município de Três Marias, para levar 180 cabeças de gado até a fazenda São Francisco, em Araçaí (distante mais de 200 km).
Criolo, com 17 anos à época, enfrentou dificuldades e aprendeu a cavalgar e a tocar boiada. Durante a expedição, o escritor fez as primeiras anotações do que seria a obra-prima.
“Meu pai contava que Guimarães Rosa andava com uma cadernetinha pendurada no pescoço anotando tudo o que via”, relata Jucelma.
Guimarães Rosa morreu em 1967, mas deixou as lembranças vivas com Criolo.
Em 2007, para comemorar o centenário do nascimento do escritor, Criolo refez a viagem acompanhado de 40 pessoas.
Criolo nasceu em Paraopeba (MG). Era o caçula de sete irmãos. Casou-se com Beatriz Maria Moura, que morava na fazenda vizinha, e tiveram seis filhos, dois já falecidos.
“Meu pai era carinhoso, amoroso, humilde, educado e nos ensinou a respeitar as pessoas. Alegre e festeiro, também gostava de dançar moda de viola”, diz Jucelma.
Criolo foi caminhoneiro, dono de uma pedreira e dono de uma empresa de guinchos e socorro automotivo em Sete Lagoas (MG).
Ele morreu dia 4 de maio, aos 86, de insuficiência respiratória. Viúvo, deixa quatro filhos, 11 netos e uma bisneta.
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