O paulistano Angelo Campanerut guardava uma criança dentro de seu coração. Filho de imigrantes italianos, ainda pequeno começou a trabalhar como feirante ajudando um tio. Preparou-se e conseguiu concluir a faculdade de Contabilidade na PUC. Atuou como contador até depois da aposentadoria.
Na infância, morou na Saúde (zona sul). Após o casamento com a pedagoga Marília Campanerut, hoje com 65 anos, mudou-se para a Pompeia (zona oeste).
Com crianças, era uma caixinha de amor. Igualava-se a elas nas brincadeiras de infância na rua.
“Meu pai era um agregador de crianças. Ele fazia pista de corrida na rua com giz e montava triciclo. Era o pai que inventava brincadeiras e brincava com as filhas de casinha e de fazer comidinhas. Ele ensinou as crianças do prédio a andarem de bicicleta. Todos o consideravam um homem doce”, diz a estilista Flávia Guarnieri Ramalho Campanerut, 33, sua filha.
Angelo levava Flávia, aos cinco anos, para passear pelas estações de metrô aos finais de semana. Tinha o hábito de levar a outra filha, Marcela, aos três anos, em excursão pelas padarias do bairro para tomar sorvete.
Para a esposa, além de ótimo marido, foi o melhor companheiro de viagem que alguém poderia ter. Era nota dez como copiloto nas viagens do casal de carro pelo Brasil —devido a um problema de vista,
Angelo não podia dirigir.
Gostava dos livros de aventura e ficção científica, que lia num tablet, como “Viagem ao Centro da Terra”, de Julio Verne, e “O Velho e o Mar”, Ernest Hemingway. Também apreciava caminhadas pelo bairro.
Angelo morreu dia 14 de abril, aos 64 anos, por complicações de Covid-19.
“Ele nos deixou como lição que na vida vencemos uma batalha por dia. E no final, fica a alma. O corpo é uma carcaça. Meu pai sempre foi parceiro e muito presente. Nunca ficou de fora da nossa vida”, afirma Flávia. Angelo deixa a esposa, duas filhas, a mãe, os irmãos e os sobrinhos.
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