A arte pela vida. A frase resume a história de Daniel Neves, cercada de incertezas e obstáculos.
Aos oito meses, ele foi diagnosticado com rins policísticos, fibrose hepática e pancitopenia crônica. O quadro delicado o levou à uma maratona de internações e à fila para transplante de rim.
Em uma das hospitalizações, Daniel, que sempre gostara de desenho e de pintura, deixou o dom aflorar. Sua mãe, Cleidimar Vieira Neves Fagundes, 48, diz que as obras faziam sucesso.
“No hospital, as pessoas começaram a comprar as pinturas e assim surgiu o incentivo para comercializar as peças com o objetivo de pagar o tratamento até a cirurgia de transplante”, diz Cleidimar.
Em dezembro de 2017, Daniel realizou uma exposição em Salvador. O transplante acabou não sendo realizado, mas a arte passou a fazer parte da vida de Daniel.
A infecção pelo coronavírus e a piora do quadro de saúde foram inevitáveis. A última pintura de Daniel, duas horas antes de ser intubado por causa da Covid-19, foi a de um pássaro.
“Ele tinha preferência por animais e santos. Criou a Nossa Senhora dos Rins para dar sabedoria aos médicos e protegê-lo”, conta a mãe.
“Nos desenhos, Daniel expressou sentimentos. Ele tinha saudades do interior. Assim que começou a paixão pela arte, Daniel sonhava com a cura e a possibilidade de voltar para sua terra natal, em Guanambi”, afirma Cleidimar.
A Covid-19 interrompeu os sonhos do artista. Daniel morreu dia 18 de maio, aos 13 anos, após um período internado.
De fé inabalável, o jovem não dava espaço a preconceitos. Tinha momentos de alegria e nunca se sentiu inferior por causa de sua condição.
“Ele foi uma bênção, me ensinou muita coisa. Deixou muitos aprendizados para a família.” Daniel deixa os pais, Danilo e Cleidimar, e a irmã Daniela.
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