Perseverar foi o verbo mais conjugado por José Arnaldo dos Santos.
Quando surgia um problema, se comportava como Davi diante de Golias e dizia: “a gente tem que perseverar”.
Arnaldo, como era mais conhecido, também integrava a linhagem de pessoas que tinham palavra.
Nasceu em família pobre. Começou a trabalhar aos nove anos de idade e enfrentou percalços até virar diretor de uma indústria do segmento do aço na Grande São Paulo.
Um dos seis filhos de uma cozinheira, ingressou na indústria como ajudante de fábrica. Conquistou dois diplomas universitários: nas áreas de engenharia química e administração de empresas, com inglês e espanhol na ponta da língua.
Muito dedicado ao trabalho, decidiu adiar a aposentadoria para seguir à frente da gestão da companhia.
A dona de seu coração foi vista pela primeira vez na casa de sua avó, em Santos (litoral de SP).
Roseli, muita amiga de uma irmã de Arnaldo, também diz ter se apaixonado pelo rapaz de cara. “Foram quatro anos de namoro até o nosso noivado”, lembra ela. “Meu pai dizia que eu só sairia de casa se o Arnaldo tivesse um lugar para a gente morar”.
E foi o que Arnaldo fez. Adquiriu, primeiro, uma quitinete e depois um apartamento, o que deixou o sogro aliviado. Três anos depois de casados, tiveram o filho Jefferson; o segundo, Anderson, nasceria no sexto ano da união.
Gostava de correr e cuidava da saúde. Antes do início da pandemia de Covid-19 sentiu-se mal e exames detectaram um câncer que chegou ao cérebro.
Enfrentou o tratamento sem reclamar, mesmo quando sentia dor. Nos últimos dias, escreveu cartas de despedida aos netos, Bernardo, 5, e Júlia, 1, e nelas se desculpou por não estar presente para acompanhar o crescimento deles.
Arnaldo venceu seu último Golias por um ano e disse à Roseli que aceitava sair de cena aos 57 anos. “Eu conquistei tudo muito cedo. Faz sentido Deus me levar cedo também”.
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