Polícia de SP fecha mais uma casa de jogos ligada ao 'rei dos cassinos'

Unidade funcionava no 13º anda de prédio comercial de Moema, que tinha serviço de transfer para buscar jogadores

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São Paulo

A Polícia Civil de São Paulo fechou na noite desta quinta-feira (6), na zona sul da capital paulista, mais uma casa de jogos de azar ligada a Reginaldo Moraes de Campos, 47, empresário conhecido como o “rei dos cassinos” clandestinos.

É a quarta unidade ligada ao empresário fechada desde o mês de março, segundo investigação da polícia paulista. A primeira delas foi alvo de operação no dia 14 de março, também na zona sul de São Paulo, quando foram flagrados o jogador do Flamengo Gabigol e o funkeiro Mc Gui.

A unidade fechada nesta semana pelos policiais do Dope (operações especiais) estava instalada na avenida Juriti, em Moema, no 13º andar de um prédio comercial. O número 13 é considerado pelos jogadores como aquele de maior sorte —o que não funcionou desta vez.

Prédio alto em foto noturna
Prédio na zona sul da capital onde funcionava casa de jogos clandestina ligada ao 'rei dos cassinos' - Divulgação/Polícia Civil

Conforme consta do registro oficial, no local havia dezenas de jogadores aglomerados, a maioria sem máscara de proteção. Só como funcionários, foram identificadas 25 pessoas, grande parte de origem paraguaia. Campos, desta vez, não estava no local.

Ainda segundo a polícia, um dos funcionários trabalhava como motorista de serviço de transfer oferecido pela casa. Ele buscava os jogadores em pontos previamente combinados e os levava até o cassino. Era uma tática, acreditam os policiais, para tentar dificultar a localização do espaço.

As informações dessa nova operação serão compartilhadas com o inquérito principal que investiga suposta lavagem de dinheiro e associação criminosa. Só a montagem de um cassino de luxo custa entre R$ 8 milhões e R$ 30 milhões, segundo a polícia.

Entre os investigados estão também policiais civis que supostamente recebiam dinheiro para atuarem na rede de proteção dessas casas. Entre os suspeitos, estão ex-integrantes de uma delegacia do Deic (investigações criminais) responsável pelo combate de jogados de azar.

Momento em que o jogador do Flamengo Gabigol é detido em cassino clandestino de São Paulo - Governo do Estado de São Paulo

A polícia tem informações de que o volume de propina pago aos policiais girava em torno de R$ 1,5 milhão ao mês, conforme denúncia feita por uma pessoa ligada ao esquema de jogos ilegais.

No mês passado, Campos chegou a ser detido pela polícia em uma das casas atribuídas e ele, mas, como a exploração de jogos de azar e o crime contra a saúde pública, pela aglomeração não permitem prisão em flagrante, o empresário foi liberado horas depois.

Campos é, porém, um dos alvos do inquérito principal que investiga os crimes mais graves.

A operação que levou a detenção do empresário provocou uma crise interna na Polícia Civil porque o nome dele havia sido excluído do boletim de ocorrência do caso. Os dados dele só apareceram em um boletim complementar, um adendo, redigido minutos depois de a Folha revelar sua detenção.

delegado conversa com suspeito de exploração cassino
O delegado José Carlos Carrasco conversa com Reginaldo Moraes de Campos, quando empresário foi detido em abril - Redes sociais

A justificativa dos policiais anotada no novo boletim, de que houve um problema no sistema da Prodesp, não convenceu a cúpula da Segurança Pública. Todos os policiais envolvidos na ocorrência estão sendo investigados e a equipe da delegacia seccional da região foi trocada.

Dois agentes penitenciários que faziam segurança do empresário também estão sendo investigados. A Secretaria da Administração Penitenciária abriu apuração interna que pode levar a demissão de ambos.

Procurado mais uma vez nesta sexta (7), Campos não foi localizado pela reportagem.

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