Tiroteio entre yanomamis e garimpeiros deixa 3 mortos em Roraima

Segundo indígenas, há hoje cerca de 20 mil garimpeiros ilegais dentro do território

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Manaus

Três garimpeiros ilegais morreram durante ataque a uma comunidade yanomami nesta segunda-feira (10), na comunidade indígena Palimiu, às margens do rio Uraricoera, em Roraima. A informação é do presidente do Conselho de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kwana (Condisi-YY), Junior Hekurari Yanomami.

Segundo ele, que foi à tarde ao local de avião para buscar uma equipe de saúde, cinco garimpeiros e um yanomami também ficaram feridos. O indígena levou um tiro de raspão e passa bem.

Hekurari Yanomami disse que os garimpeiros levaram os corpos dos três mortos de volta ao acampamento ilegal. Via ofício, a Hutukara Associação Yanomami relatou que sete barcos de garimpeiros chegaram ao local por volta das 11h30, iniciando um tiroteio que durou cerca de meia hora.

“Solicitamos aos órgãos que atuem com urgência para impedir a continuidade da espiral de violência no local e garantir a segurança para a comunidade yanomami de Palimiu”, afirma o ofício, enviado ao Ministério Público Federal, à Polícia Federal, ao Exército e à Funai.

Área desmatada com lama com vegetação no entorno
Garimpos dentro da Terra Indígena Yanomami em Roraima - mar.21/Divulgação/Polícia Federal

O confronto também foi comentado por garimpeiros em áudios de WhatsApp. Eles disseram que o ataque aos yanomamis foi feito pela “facção”. Roraima é dominada pelo PCC (Primeiro Comando da Capital).

Segundo a associação, há hoje cerca de 20 mil garimpeiros ilegais dentro da Terra Indígena Yanomami. Trata-se de um problema antigo que vem aumentando em meio a promessas de legalização pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e em decorrência do aumento do preço do ouro.

A atuação dos garimpeiros tem contaminado os rios de mercúrio, além de propagar doenças como Covid-19 e malária. Em alguns locais, há pequenas cidades, com pistas de pouso clandestinas, comércio, prostíbulos e internet.

A reportagem tentou entrar em contato com o Comando Militar da Amazônia (CMA), o Ministério Público Federal e a Polícia Federal, mas não obteve resposta até a publicação deste texto.

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