Descrição de chapéu Obituário Sonia Sendacz (1924 - 2021)

Mortes: Fugida do nazismo, criou família grande e gosto pelo futebol

Sonia Sendacz morreu por complicações da Covid-19

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Joyce Pascowitch
São Paulo

Uma vida relevante cheia de aventuras difíceis e desafios, mas também com histórias engraçadas. Sonia Sendacz (batizada originalmente de Senta) nasceu em 23 de março de 1924 em Magdeburg, Alemanha.

Às vésperas de estourar a Segunda Guerra Mundial, a mãe de Sonia resolveu aderir a um programa da Inglaterra para a retirada e fuga de crianças judias da Alemanha (Kindertransport). Ela nunca mais ouviu falar de sua mãe ou soube do seu destino.

Já adolescente, chegou à Inglaterra sem lenço nem documento. Foi enviada à Irlanda aos cuidados de uma família judia, onde não se adaptou. Soube então que a Royal Air Force inglesa estava procurando pessoas que dominassem os idiomas alemão e inglês para fazer escuta e decifrar códigos de transmissão dos alemães.

Sonia Sendacz (1924-2021)
Sonia Sendacz (1924-2021) - Reprodução/Instagram de Luciana Salles


Sonia resolveu se alistar na Royal Air Force para essa missão e lá ficou trabalhando durante todo o período de guerra. Quando finalmente a guerra terminou, ela procurou uma entidade inglesa que, na medida do possível, procurava parentes de judeus sobreviventes. Lá conseguiu encontrar uma tia em São Paulo e aqui veio aportar.

Casou-se com Isaac Sendacz, formou família e trabalhou no Brasil, país que a acolheu. Viveu uma vida difícil e solitária até chegar aqui; depois, viveu cercada de seus filhos (dois que teve aqui e dois enteados, filhos de seu marido que era viúvo), noras, genros, netos, bisnetos e no último ano com seu tataraneto –além de dezenas de parentes da família do seu marido.

No Brasil, desenvolveu o gosto pelo futebol. Era fanática e sabia sobre times e jogadores daqui e de fora. Nos últimos anos de vida, ficava horas à frente da televisão acompanhando todos os campeonatos nacionais e internacionais. E palpitava sempre.

Dos quatro filhos e do marido, ela era a única da família que gostava e conhecia futebol. Morreu em 26 de maio, vítima da Covid-19, embora já tivesse tomado as duas doses da vacina.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

Veja os anúncios de mortes

Veja os anúncios de missa

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.