Moises Tiburtino de Souza viveu em Juru, no alto sertão da Paraíba. Lutou pela vida sobre ruas de terra e morou sob o teto de casas com chão de cimento.
“Pela falta do trigo não tinha como fazer pão; era difícil cozinhar, pois não havia querosene para o fogão e nem proteína disponível. Para matar a fome, Moises alimentava-se de frutas dos sítios próximos à cidade”, conta o jornalista Roberto Souza, 65, seu filho.
Aos 20 anos, Moises tentou a sorte no Recife fazendo bicos. Descobriu um caminhão de retirantes com destino a Piracicaba (a 160 km de SP), onde morava um tio, e partiu em busca de novas oportunidades. Lá foi jardineiro e construiu uma carreira como metalúrgico.
Moises nunca teve vícios e nem gostou de farras e noitadas. Não desperdiçava a boa comida, principalmente cabeça de porco. Reservado, sua simplicidade conquistava o respeito de todos.
Casou-se com a tecelã Ignez Amaral de Souza, hoje com 88 anos. De olho no futuro juntou dinheiro, comprou um terreno e construiu uma pequena casa na Vila Rezende.
Com a seriedade no trabalho e o tempo, o lar aumentou de tamanho e transformou-se no cenário para a criação rigorosa dos quatro filhos. Repassou a eles seus princípios de honestidade.
Moises dedicou sua vida à família e ao trabalho. Dizia aos filhos que a sorte só ajuda quem trabalha.
Aos 94 anos e muito lúcido, dizia em tom de brincadeira que já estava em hora extra.
Moises Tiburtino de Souza morreu dia 9 de junho, por complicações de uma infecção urinária e de um AVC. Deixa a esposa, quatro filhos, netos e bisnetos.
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