Veja o que se sabe sobre furto de celulares e o que fazer se você for vítima

Criminosos burlam dispositivos de segurança e limpam aplicativos de bancos

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São Paulo

Quadrilhas em São Paulo têm se especializado em furtar celulares com o objetivo de acessar aplicativos bancários e fazer transferências ou empréstimos para contas de terceiros, como a Folha noticiou nos últimos dias.

Esse tipo de fraude aumentou desde o início da pandemia, de acordo com o delegado Roberto Monteiro, responsável pelos distritos da Polícia Civil na região central de São Paulo. Segundo ele, os criminosos estão conseguindo burlar os dispositivos de segurança com mais facilidade e miram aparelhos que já estão abertos pelos usuários.

Veja o que se sabe até agora sobre esses crimes e o que fazer caso você seja uma vítima.

mesas cheias de celulares roubados
Celulares apreendidos pela polícia de SP na região central da capital com suspeito de receptação - Divulgação Polícia Civil

Como os criminosos conseguem entrar nas contas?
A polícia ainda não tem certeza. Boa parte dos casos ocorre em celulares com sistemas operacionais desatualizados ou levados ainda abertos, quando o usuário está em aplicativos como Waze ou Uber. O mais provável é que, nessas situações, os ladrões consigam recuperar informações no próprio aparelho para entrar nas contas bancárias.

No entanto, também há relatos de fraudes praticadas por meio de celulares bloqueados e que pedem reconhecimento facial ou biometria. De acordo com Gustavo Monteiro, diretor da AllowMe, empresa especializada em proteção de identidades digitais, ainda não está claro qual é a brecha.

Segundo uma vítima, o fraudador entrou em contato com a XP Investimentos se passando por ela e, dizendo estar com problemas com o sistema de reconhecimento facial, conseguiu transferir o dinheiro.

O que fazer após ser furtado?
O Procon recomenda que as vítimas de furto ou roubo de celulares façam a comunicação primeiro aos bancos, para bloqueio das contas. Só depois devem procurar as operadoras de telefonia celular e outros serviços.

Isso pode evitar que a instituição culpe o cliente pela demora na comunicação de eventuais fraudes nas contas.

Na sequência, recomenda-se: 1) bloquear o chip, ligando para a operadora de celular; 2) bloquear o aparelho com o uso do Imei (Identidade Internacional de Equipamento Móvel, em português); 3) desconectar-se das contas dos aplicativos remotamente, acessando-os pelo computador.

É importante registrar um boletim de ocorrência para que as autoridades possam mapear os crimes e aprimorar a resposta a eles.

O banco é obrigado a restituir o valor roubado?
De acordo com a Febraban (Federação Brasileira de Bancos), cada instituição tem sua própria política de análise e ressarcimento. Para isso, o banco se baseia, segundo a entidade, nas evidências apresentadas pelos clientes e nas informações das transações realizadas.

Como se proteger desse tipo de ação?
Especialistas consultados pela Folha dão algumas dicas de segurança. As principais são:

Nunca utilize os recurso de "lembrar/salvar senha" em navegadores e sites, assim como não anote senhas em emails, blocos de notas ou mensagens de WhatsApp.

Não use a mesma senha em diferentes aplicativos ou em sites de compras.

Não deixe armazenadas no aparelho imagens de cartão de crédito.

Utilize senhas fortes, compostas de números, letras (maiúsculas e minúsculas) e símbolos, preferencialmente aleatórios.

Como proteger o celular?
Diminua o tempo de bloqueio automático de tela. Quanto menor, maior sua segurança.

Desative o conteúdo de notificações de SMS na tela de bloqueio. O objetivo é que não sejam exibidas publicamente informações de recuperação de senha, tokens e códigos de validação.

Ative o bloqueio de PIN do seu SIM card (chip) –entre em contato com sua operadora para saber como. Isso evita que sejam lidas informações de recuperação de senha em outros celulares.

Como se desconectar remotamente de aplicativos?
Os smartphones costumam se integrar a outros dispositivos do mesmo usuário e permitem o acesso aos aplicativos mesmo sem estar com o celular nas mãos. Ao entrar no seu email do Google, por exemplo, vá em “gerenciar sua conta do Google”, clique em “segurança” e, em “seus dispositivos”, escolha a opção “gerenciar dispositivos”. À direita da imagem, clique no menu (3 pontinhos) do aparelho que deseja deslogar e selecione “sair”.

No caso dos bancos, dirija-se a um caixa eletrônico ou agência.

O que dizem as fabricantes de celular?
Como mostrou a Folha na sexta-feira (18), o Procon notificou empresas que atuam em São Paulo para que explicassem, em até 72 horas, como os criminosos conseguem invadir contas bancárias após o furto de celulares.

A Samsung informou, por meio de nota, que recebeu a notificação e que responderá ao órgão no prazo adequado. A Apple disse que não vai comentar o assunto. A Motorola ainda não se manifestou.

O que dizem os bancos?
A Febraban afirma que os aplicativos de bancos são seguros, desde o seu desenvolvimento até a sua utilização, e que não há registro de violação dessa segurança.

O Itaú Unibanco diz que realiza investimentos em tecnologias, sistemas e melhores ferramentas de segurança, além de constantemente reforçar orientações para conscientização dos clientes sobre segurança.

O Bradesco informa que seus aplicativos contam com elevado grau de segurança desde o seu desenvolvimento até a sua utilização, “não existindo qualquer registro de violação dessa segurança”.

O Mercado Pago diz que apenas o usuário é capaz de fazer movimentações pelo aplicativo.

O PicPay informa que segurança é prioridade da empresa e que os clientes contam com diversas ferramentas para prevenir fraudes.

A XP Investimentos diz que segue os mais rigorosos padrões internacionais de segurança.

O Nubank informa que possui mecanismos de autenticação de contas, sistemas de monitoramento e comunicação em tempo real de todas operações que estão sendo realizadas e contratadas.

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