Polícia prende mais dois em Manaus e detidos pelos ataques chegam a 31

Ambulâncias, ônibus e bancos foram destruídos no domingo (6) por membros de facção criminosa, segundo a polícia

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Manaus

Após a segunda noite de terror em Manaus, mais dois homens envolvidos nos ataques incendiários em reação ao assassinato de um líder do tráfico pela Polícia Militar foram presos na madrugada desta segunda (7). Com isso, já são 31 os detidos por suspeita de participação nas ações criminosas no estado.

Segundo a polícia, um dos presos é um traficante identificado como Pelé, apontado como um dos coordenadores dos ataques. O nome dele não foi divulgado. Ele foi localizado após informações anônimas. No momento da prisão, foram encontrados com o suspeito galões de gasolina, drogas e armas.

No celular do traficante, a polícia afirma ter encontrado mensagens de áudio enviadas por ele a outros contatos, orientando os ataques a prédios públicos.

Um garoto de 11 anos também acabou apreendido. A polícia afirma que ele recebia R$ 50 de traficantes para atuar como “olheiro” e mantê-los informados sobre a movimentação dos gentes de segurança na região.

A capital do Amazonas amanheceu nesta segunda com diversos serviços públicos suspensos por medida de segurança, inclusive o transporte público. Os ônibus voltaram a circular, mas com apenas 30% da frota.

Parte dos comerciantes e lojistas de shoppings de Manaus decidiu antecipar o fechamento das lojas por conta do anúncio da paralisação do transporte público. Funcionário de uma loja localizada em um shopping da zona oeste de Manaus, Rafael Souza, 37, conta que o estabelecimento, que normalmente funciona até as 22h, fechou às 18h30. A medida foi adotada para garantir a segurança dos funcionários na volta para casa diante da incerteza sobre a circulação dos ônibus depois das 19h.

Para chegar ao trabalho tanto no domingo quanto nesta segunda, ele diz que precisou pagar transporte por aplicativo, opção que ele também fez para a volta para casa, com medo de pegar o coletivo. "Estou gastando um pouco mais estes dias, mas a segurança é mais importante".

O clima de tensão e medo levou os sindicatos das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Manaus e dos Metalúrgicos a recomendarem a suspensão do terceiro turno das fábricas, que corresponde ao horário da madrugada, e a adiar o início do primeiro turno de segunda (7) das 4h para as 7h.

Escolas públicas e particulares suspenderam as aulas presenciais nesta segunda (7). Os órgãos públicos administrativos funcionaram no formato de teletrabalho, segundo determinação da prefeitura e do governo estadual. Apenas os serviços de saúde da rede estadual foram mantidos normalmente.

Parte do comércio e dos shoppings também alterou o horário de funcionamento e só abriu as lojas a partir das 14h, segundo comunicados feitos em suas páginas na internet.

A Prefeitura de Manaus decidiu estender a suspensão da vacinação e dos serviços de saúde (exceto maternidades e Samu) até o fim do dia, com previsão de retorno das atividades "a depender dos acontecimentos".

As prisões ocorrem após um domingo de violência promovido por criminosos em represália à morte de um membro do Comando Vermelho (CV) por policiais militares, ocorrida na noite de sábado (5).

Erick Batista Costa, 30, o “Dadinho”, que era cotado para ser conselheiro do CV em Manaus, foi morto em uma troca de tiros com policiais e a ordem para os ataques partiu de dentro de um presídio local, segundo a Secretaria de Segurança Pública do Amazonas, que reforçou o policiamento na capital e nas cidades do interior do estado.

Mesmo com mais policiais nas ruas, os ataques continuaram até a madrugada de segunda. Na noite de domingo (6), criminosos atearam fogo em uma unidade básica de saúde e dispararam tiros na fachada do prédio do Sindicato das Empresas de Transporte Rodoviário de Manaus.

Também foram registrados um incêndio em um caixa eletrônico e um ataque à sede da 24ª Cicom, companhia da Polícia Militar localizada na orla de Manaus.

Segundo a polícia, os suspeitos chegaram em lanchas, aproveitando a alta recorde do rio Negro, e lançaram uma granada contra a unidade policial. Houve troca de tiros, mas ninguém ficou ferido nem foi preso. O artefato não explodiu, e foi desativado pelo grupo Marte, especialista em explosivos.

Até o fim da manhã desta segunda, haviam sido registrados 29 veículos queimados (15 deles ônibus), dois incêndios em estabelecimentos comerciais, sete agências bancárias alvo de chamas, oito ataques a prédios públicos, além de ocorrências em outros seis municípios do interior —onde 13 suspeitos de participarem dos ataques foram presos.

O prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), e o governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), pediram apoio de forças federais para conter a onda de violência. Lima publicou em suas redes sociais, na manhã desta segunda (7), que formalizou o pedido de apoio da Força Nacional de Segurança junto ao Ministério da Justiça na noite de domingo (6).

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