Descrição de chapéu Coronavírus

Em clima de verão, Minhocão fica lotado e com gente sem máscara

Bancos colocados em duas áreas do elevado concentram muita gente sem o uso de proteção; Prefeitura de São Paulo diz que fiscaliza e orienta o público

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Num domingo com clima de verão em pleno inverno, muita gente botou a cara no Sol e ignorou a máscara de proteção. Entre uma caminhada e um paradinha para tomar uma gelada, houve aglomeração no Minhocão.

Imagem mostra que paulistanos aproveitaram o dia de calor na capital e lotaram as duas vias do elevado João Goulart, o Minhocão, no centro de São Paulo; alguns frequentadores, porém, ignoraram o uso de máscara de proteção
Paulistanos aproveitaram o dia de calor na capital e lotaram as duas vias do elevado João Goulart, o Minhocão, no centro de São Paulo; alguns frequentadores, porém, ignoraram o uso de máscara de proteção - Gabriel Cabral/Folhapress

Durante a fase do Plano São Paulo, o elevado fica aberto, aos fins de semana, das 8h às 19h. É quando ciclistas, skatistas, patinadores, gente só, acompanhada de amigos ou de cachorros transformam a via expressa em área de lazer.

No domingo (25), São Paulo teve um dia de calor intenso. O termômetro de uma das entradas do Minhocão chegou a registrar 31ºC, e as duas vias de asfalto e concreto ficaram tomadas, sobretudo à tarde.

A administradora Beatriz Paulucci, 25, que mora em Higienópolis, costuma andar de skate por lá. “O número de pessoas sem máscara me assustou. O povo deu uma relaxada. Não era assim dois meses atrás, quando todo o mundo andava sempre protegido.”

Beatriz preferiu procurar um lugar à sombra e mais tranquilo. “Ainda não chegou a minha vez de ser vacinada.”

Nos pontos de entrada e saída do Minhocão, no largo Padre Péricles, em Perdizes (zona oeste), e na rua da Consolação, no centro, pedestres entravam e saiam sem máscara. Também era comum encontrar gente sem o equipamento de segurança sentada nos bancos espalhados na altura da praça Marechal Deodoro e do largo do Arouche.

Na avaliação da infectologista Mirian Dalben, 42, do hospital Sírio-Libanês, a população precisa entender que flexibilização não significa tudo ou nada. “Não sou contra abrir espaços, como o Minhocão, o vale do Anhangabaú e a avenida Paulista, desde que sigamos o tripé de prevenção: lugares sempre arejados, uso constante de máscaras e manter o distanciamento social.”

A infectologista alerta para o fato da presença da variante delta do coronavírus em ares paulistanos.

“A nova cepa tem maior potencial de transmissibilidade entre 50% e 200%”, explica. “Onde ela chegou houve um boom de novos casos da doença. Em países como o Reino Unido, Israel e os EUA, com índice de 60% da população vacinada, não ocorreu aumento nem de internações nem de mortes, mas a cidade de São Paulo apresenta apenas 22% da população adulta totalmente imunizada e cerca de 80% parcialmente vacinada”, diz. “Não é o momento para descuidarmos”, avisa.

Moradora da Mooca, na zona leste da capital, a designer Raísa Almeida, 27, costuma ir de casa até o Minhocão de bike. “Está muito cheio. Sempre procuro um lugar distante das aglomerações no Minhocão para fazer uma pausa”, conta.

“A prefeitura colocou os bancos justamente durante a pandemia. Eles são bem-vindos, é claro, mas se faz necessária uma fiscalização para evitar justamente as aglomerações e reforçar o uso de máscara. Os funcionários não falam nem fazem nada. Zero.”

A Prefeitura de São Paulo informa que possui seguranças próximos aos mobiliários para orientar e evitar “uma possível aglomeração”.

Reconhece que não existe uma estimativa sobre o número de pedestres que ali circulam. Diz, porém, fazer o controle de pessoas que passam pelos portões de acesso ao parque. Informa que em cada um deles realiza a contagem das pessoas que entram.

Afirma ainda que os pedestres são orientados sobre o uso de máscara e alertados para evitarem aglomeração.

Não foi isso que a reportagem presenciou durante o período de 3h47 que esteve na via. Em ambos os portões, funcionários de uma empresa terceirizada conversavam e falavam ao celular, indiferentes ao fluxo intenso de pedestres.

Para a prefeitura, o local é um parque de passagem, em que as pessoas entram e saem. Dessa forma, não criam aglomerações. Sendo assim, descarta a necessidade de algum tipo de intervenção.

“Está bem lotado. Não esperava por tanta gente”, disse o porteiro Pedro Henrique de Souza, 57, que veio do Ipiranga (zona sul). “A dica é ir se esquivando sempre da muvuca. Não dá para tirar a máscara.”

O excesso de gente, opina, é reflexo da carência de espaços públicos.

“Isso aqui é uma espécie de praia de concreto. Vem gente de toda parte e ninguém paga nada por isso. Vai aglomerar? Com certeza.”

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.