Na Luz, usuários da CPTM não conseguem embarcar nas linhas por causa de greve em SP

Greve de ferroviários afeta sistema de trens e pega passageiros de surpresa na capital paulista na manhã desta quinta (15)

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São Paulo

Aprovada na noite desta quarta-feira (14), a greve dos ferroviários da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) afetou o funcionamento de cinco linhas e pegou usuários desprevenidos no início da manhã desta quinta (15).

Muitos trabalhadores só souberam da paralisação ao chegar na estação da Luz, no centro da capital paulista, e não conseguir acessar as plataformas da CPTM.

A companhia informou que as linhas 9- Esmeralda e 10-Turquesa tiveram interrupção total. As linhas 7-Rubi e 8-Diamante funcionavam parcialmente.

"Perdi meu dia de trabalho. Se soubesse da paralisação, não teria saído de casa às 5h30 para ficar parado aqui. Ainda perdi uma condução", disse o pedreiro Paulo de Sousa, 45. Ele saiu do Capão Redondo, na zona sul da capital paulista, para ir ao trabalho em Jundiaí (cidade da Grande São Paulo).

Os usuários eram informados da paralisação por avisos sonoros. Funcionários da CPTM também comunivacam a greve e orientavam os passageiros sobre alternativas para chegar ao destino final. Até as 7h, não havia aglomerações ou tumulto na estação por conta da greve.

"Eu não sei como e que horas vou chegar ao trabalho, mas vou insistir. Vou dar um jeito de chegar lá", disse a atendente Tainá Oliveira, 26, que saiu de Embu das Artes e tentava chegar à Lapa, na zona oeste da capital.

Mesmo os passageiros que sabiam da greve tentaram usar os trens na manhã desta quinta. "Soube ontem [quarta] à noite da paralisação, mas achei que por volta das 7h já teria normalizado", disse Jefferson Alves, 30.

Alves mora em Guaianases, na zona leste, e tentava chegar ao trabalho em uma gráfica no Alto de Pinheiros, na zona oeste. "Vou atrasar muito, devo perder o dia."

A auxiliar de escritório Evelyn Tamires Santos, 47, soube da greve pela manhã quando pegava o ônibus para chegar à estação do Tucuruvi, na zona norte. "Já estava a caminho, então não tinha outra opção a não ser tentar."

Ela ia para a Lapa e foi informada pelos funcionários da CPTM sobre um trajeto alternativo pelas linhas do metrô.

Na Barra Funda, as plataformas das linhas da CPTM estavam bem cheias por volta das 8h. Houve aglomeração em algumas delas.

Os passageiros usavam trajetos alternativos para chegar nos destinos que costumam ir pelas linhas 9-Esmeralda e 10-Turquesa, totalmente paralisadas na manhã desta quinta.

Vanessa França, 35, ia do Capão Redondo para Barueri. Ela teve de desviar do caminho usual pela linha 8-Diamante. "Não sabia da greve e fui pega de surpresa hoje de manhã. Estou preocupada com esse tumulto, esse monte de gente na estação. Ainda não chegou minha vez de tomar a vacina", conta. ​

Segundo o sindicato, somente as linhas 11, 12 e o trecho de São Paulo da linha 13 operaram no início da manhã desta quinta. As linhas 7,8,9,10 e 13 (trecho de Guarulhos) estão paradas.

A CPTM informou que a paralisação foi total nas linhas 9-Esmeralda e 10-Turquesa. "A adesão à greve foi total [nessas linhas], contrariando decisão da Justiça do Trabalho sobre a manutenção de 80% dos trabalhadores no horário de pico e 60% nos demais horários, sob pena de R$ 100 mil diários", disse em nota.

A companhia informou que não houve o acionamento do sistema Paese ( Plano de Apoio entre Empresas de Transporte em Situação de Emergência ), porque as linhas atingidas fazem trajetos muito grandes. A companhia informou apenas que pediu reforço da frota municipal de ônibus para a SPTrans.

ENTENDA

A greve foi aprovada nesta quarta depois de os sindicatos apresentarem aos trabalhadores o resultado da reunião de tentativa de conciliação no TRT (Tribunal Regional do Trabalho) que terminou sem acordo.

Os sindicatos dizem que a greve ocorre depois de a companhia encerrar as negociações sobre o pagamento da PPR (Programa de Participação nos Resultados) referente ao ano de 2020 que ainda não foi pago e deveria ter sido quitado em março deste ano de 2021.

A situação se soma ao fato de as negociações acabarem com zero reajuste sobre a data base de 2021 e 2022.

"Há um descaso total com a categoria. Trabalhamos durante toda a pandemia, arriscamos nossa saúde e a de nossos familiares, perdemos muitos companheiros e não recebemos nem reajuste salarial", disse o presidente do Sindicato dos Ferroviários, Eluís Alves de Matos.

Às 15h desta quinta, a categoria fará uma nova assembleia para decidir sobre a continuidade da paralisação.

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