Nem quando torcia fervorosamente para o Corinthians Odaleia Weffort, ou simplesmente Leia, envolvia-se em discussões. A delicadeza sempre falava mais alto.
“Apaziguadora, era avessa a conflitos. Em uma discordância, ela preferia deixar a razão com a outra pessoa”, conta a produtora cultural Ana Carolina Weffort de Andrade, 36, sua sobrinha.
Dos exageros que o Timão instigava, o único de Leia era abrir mão de dormir cedo em dias de jogo.
Natural de Quatá (a 489 km de SP), ela era a segunda de seis filhos de uma dona de casa e costureira nas horas vagas com um comerciante de café.
Em 1955, Leia se mudou para São Paulo no intuito de organizar a vinda da família. Em terras paulistanas, trabalhou como balconista e bancária, carreira que lhe deu a oportunidade de conhecer o amor de sua vida.
Carlos Fabbri era correntista do Banco Francês e Brasileiro, comprado pelo Itaú na década de 1990, onde trabalhava. Os dois se casaram em 1963 e tiveram dois filhos. Para cuidar das crianças, abdicou do emprego. Ficou viúva em 1985.
Leia se dedicou à família. Cuidou dos filhos, dos netos e da sobrinha Ana Carolina, e colocou o bem-estar de todos em primeiro lugar. “Ela era o resumo de ternura”, diz Ana.
Vaidosa, organizada, admirava o belo e o novo. A tranquilidade e o bom humor serviam de tempero para o capricho que tinha com as coisas. De habilidade manual invejável, Leia arrasava nos doces e artesanatos.
Nos últimos tempos, um compromisso diário havia se tornado uma de suas alegrias: a conversa com o filho Paulo José, que mora nos Estados Unidos.
Apesar de avessa à tecnologia, não abria mão da videochamada para os momentos entre mãe e filho. Quanto aos celulares, em suas mãos não sobrava um aparelho: Leia perdia ou doava os telefones que ganhava de presente.
No dia 25 de junho, morreu aos 83 anos, em decorrência de problemas cardíacos. Viúva, deixa três filhos, dois netos, três irmãos e sobrinhos.
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