No dia 31 de dezembro de 1968, as lágrimas quase venceram a voz potente de Roberto Grillo de Figueiredo ao microfone. Às 20h25 daquela data, na Rádio Globo do Rio de Janeiro, ele apresentou a última edição do Repórter Esso.
Antes de Roberto, o noticiário, que tinha como slogan “testemunha ocular da história”, havia sido ancorado por Heron Domingues.
O fato é que 53 anos após o ocorrido, Roberto Figueiredo calou-se para sempre. Ele morreu nesta terça (27), aos 87, dentro de casa, em Copacabana, no Rio de Janeiro.
Roberto havia ficado internado com Covid-19 durante 15 dias, mas já estava curado. A causa da morte não foi informada.
“Naquela noite de Réveillon, a testemunha ocular e auditiva da história fui eu. Em lágrimas, Roberto mal conseguiu encerrar a edição”, lembra o jornalista Murilo Rocha, 75, que foi seu colega de rádio.
“Roberto era uma pessoa agradável, cordial e às vezes um tanto formal. Ele ficava pouco tempo na redação. Chegava perto do horário da primeira edição do noticiário”, conta Murilo.
Amigo há 50 anos, o jornalista Maurício Menezes lembra de como ele era distraído. “O Roberto cansou de ir trabalhar de carro e voltar de ônibus e na redação pegava o primeiro paletó que via pela frente e ia embora.”
“Roberto tinha uma voz muito marcante. Pedia uma água mineral como se estivesse numa ópera em Milão. Era um cara entusiasmado com a vida, a família, os amigos, com Copacabana. Generoso e engraçado, tinha amor pelo jornalismo e pelos amigos”, diz Maurício.
Natural do Rio de Janeiro, o radialista passou pela Rádio Nacional Carioca (PRE-8) e apresentou telejornais, em especial o Repórter Esso, na TV Tupi (canal 6), no final dos anos 1960. Depois, trabalhou na Rádio Roquette Pinto (PRD-5) e atuou em emissoras como as rádios Globo e Tupi.
Dias antes de morrer, Roberto pediu para ir à praia. Talvez já soubesse que estava de partida, segundo Maurício. Roberto deixa a esposa, quatro filhos e netos.
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