Descrição de chapéu Obituário Anita Waingort Novinsky (1922 - 2021)

Mortes: Foi referência na pesquisa da história judaica no Brasil

Anita Novinsky foi a primeira historiadora do país especializada na inquisição portuguesa

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São Paulo

Em um mundo que sempre precisa de gentileza, quem muito a espalhou despediu-se da vida. A professora, historiadora e filósofa Anita Novinsky morreu no dia 20 de julho, aos 98 anos.

Nascida em Stachov, na Polônia, veio ao Brasil com os pais quando tinha um ano e adotou o país como a sua terra.

Anita tinha graduação em filosofia e doutorado em história social, ambos na USP, onde foi livre docente. Fundou o Laboratório de Estudos sobre a Intolerância da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP. Ainda como professora, visitou e fez palestras em universidades no exterior.

Anita Waingort Novinsky (1922-2021)
Anita Waingort Novinsky (1922-2021) - Karime Xavier - 22.mar.2016/Folhapress

Consultora do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, Anita era considerada uma das mais renomadas pesquisadoras da história judaica no Brasil e referência mundial na temática dos cristãos-novos da Península Ibérica. Foi a primeira historiadora do país especializada na inquisição portuguesa.

“Foi ela quem explorou o assunto dos judeus conversos em função do processo da inquisição. Trouxe para nós o conhecimento, que não era algo palpável, do fato de os judeus terem participado da colonização do Brasil, portanto uma história de praticamente 500 anos. Isso, de certa maneira, joga uma luz sobre algo que não era muito abordado na história da nossa colonização e dentro do movimento da vida da comunidade judaica brasileira. É uma contribuição única para nós enquanto judeus brasileiros”, diz Cláudio Lottenberg, presidente da Confederação Israelita do Brasil e do Conselho do Hospital Albert Einstein.

Generosa e de inteligência refinada, formou muitos historiadores. Anita escreveu vários artigos e obras sobre a presença judaica no país, entre elas “Cristãos-novos na Bahia”, que trata da dimensão social dos cristãos-novos na sociedade baiana do século XVII.

“A professora Anita era uma pessoa muito culta, sofisticada, elegante e vaidosa. Foi admirada por tudo, pelo conhecimento e pela beleza. Era um ser humano encantador. Ela deixa uma lacuna, porque sua mensagem que vem do processo do conhecimento da inquisição é algo que jamais deixará de estar ligada à vida judaica brasileira”, afirma Cláudio Lottenberg.

A causa da morte não foi informada.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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