No dia 12 de maio, Helaine Martins completou 41 anos. Dias depois, comemorou ter recebido a primeira dose da AstraZeneca. Em 3 de julho, sofreu uma parada cardiorrespiratória e não resistiu.
Não houve tempo para festejar a esperança e nem para continuar o importante trabalho que realizava contra o racismo.
Considerada brilhante pelos amigos, Helaine era dona do abraço apertado e gostoso, de uma risada alta, um sorriso largo e de ideias incríveis.
“Ela era dez anos mais velha que eu e sempre olhei para a Helaine como uma referência e um prazo. Eu via o que ela estava fazendo e pensava ‘tenho dez anos para chegar nesse nível de brilhantismo’. Ela me fez melhor”, diz a jornalista Rafaela Carvalho, 31, sua amiga.
Formada em jornalismo pela Universidade Federal do Pará e pós-graduada em Cultura, Educação e Relações Étnico-Raciais na Escola de Comunicações e Artes da USP, fundou o site Entreviste um Negro e era cofundadora da Mandê, agência de produção de conteúdo e ações de educação por uma comunicação antirracista.
“Eu me sinto honrada por ter sido amiga de alguém que, do lado profissional, me inspirou e ensinou tanto à imprensa e ao jornalismo na luta antirracista. Ela me guiou para que crescesse na profissão”, afirma Carvalho.
Helaine era especialista em conteúdo com impacto social, principalmente sobre gênero, raça, educação e cidadania. Foi editora, repórter, produtora de conteúdo, assessora de comunicação e freelancer. Escreveu três livros.
Da parede do apartamento aos acessórios e roupas que usava, Helaine foi muito colorida, um reflexo do que proporcionou à vida dos amigos. A eles, deixa a importância da luta antirracista.
Ao partir levou consigo o amor que sentia pela mãe, Heloísa, o ponto alto de seu coração.
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