Descrição de chapéu transporte público

Nova onda de ataques atinge ao menos nove ônibus na cidade de SP

Depredações ocorreram na manhã desta segunda-feira (12) contra veículos que circulam nas zonas sul e leste da capital

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Gonçalves (MG)

Uma nova onda de ataques atingiu, na manhã desta segunda-feira (12), ônibus do sistema de transporte coletivo da cidade de São Paulo.

De acordo com a SPTrans (companhia que administra o sistema de ônibus), os atos de vandalismo foram registrados entre as 5h15 e 8h20 e afetaram diretamente nove veículos.

A depredação prejudicou a operação de 62 linhas do sistema distribuídas pelas regiões sul e leste da cidade. A motivação dos ataques ainda é desconhecida, e os casos serão investigados pela Polícia Civil.

Segundo a SPTrans, o primeiro ataque ocorreu contra um ônibus de prefixo 73.880, da linha 675k-10, na Ponte do Socorro, por volta das 5h15. Um grupo abordou o veículo, exigiu a saída dos passageiros e cortou a correia do motor deixando o coletivo atravessado na pista.

Uma pessoa que desceu do veículo acabou sendo atropelada por um segundo ônibus na via, no sentido centro, de acordo com a SPTrans. A vítima, cujo nome e idade não foram divulgados, foi encaminhada pelo Corpo de Bombeiros ao Pronto-Socorro de Campo Limpo (zona sul). Não foi possível saber o estado de saúde da pessoa atropelada.

Ainda no local, os vândalos tentaram atear fogo no coletivo. “Entretanto, os operadores debelaram as chamas com os extintores de incêndio dos veículos”, informou a SPTrans.

​Por volta das 5h40, outro coletivo de prefixo 52.129, que opera na linha 5142/10, foi depredado na avenida Sapopemba. O veículo teve a sua correia de motor cortada e os pneus rasgados também por um grupo de vândalos sendo deixado “estacionado de forma atravessada obstruindo o viário no sentido centro”.

O terceiro ataque registrado nesta manhã aconteceu na avenida Mateo Bei. No local, três coletivos foram depredados por indivíduos não identificados e foram recolhidos e levados à garagem.

Por volta das 6h20, outro ônibus teve o vidro traseiro quebrado na rua Geraldo Vieira de Castro, em Itaquera, e também foi recolhido à garagem.

No quinto ataque, registrado na avenida São Miguel, na altura do número 9.600, por volta das 7h15, um grupo de vândalos abordou o operador do veículo, esvaziou dois pneus do coletivo e também estacionou o coletivo de forma atravessada para obstruir o tráfego de veículos pelo local.

A chave do ônibus também foi suprimida, e as linhas de ônibus que circulam pela região foram desviadas até por volta das 9h05, quando o veículo foi removido e deixou de atrapalhar o tráfego.

O sexto ataque ocorreu na rua Doutor Luiz Ayres, nas proximidades do acesso à avenida Águia de Haia, em ambos os sentidos, por volta das 8h20. O ônibus atacado teve os pneus furados, a correia partida, a chave retirada e foi deixado atravessado na via pelos vândalos.

Também no mesmo local, outro ônibus teve os pneus furados, a chave retirada e foi deixado atravessado na via para atrapalhar o trânsito. Os dois veículos foram removidos, e o tráfego foi normalizado por volta das 9h40.

A SPTrans disse, por nota, que repudia qualquer ato de vandalismo e que acionou a Polícia Militar e a sua equipe de fiscalização para os locais onde as depredações ocorreram.

Os prejuízos aos veículos depredados estão sendo contabilizados pelas empresas, que também vão registrar boletins de ocorrência nas delegacias que atuam nas regiões onde os ataques aconteceram.

INVESTIGAÇÕES SOBRE OS ATAQUES

O Sindimotoristas (entidade que representa os motoristas e trabalhadores do transporte rodoviário e urbano de São Paulo) disse, por meio de sua assessoria de imprensa, desconhecer a autoria das depredações. "O que sabemos, até o presente momento, é que a polícia está investigando tais ações, inclusive, já intimou algumas pessoas baseadas em imagens que foram disponibilizadas".

Nailton Francisco de Souza, diretor do Sindimotoristas, também diz que fake news na internet vem atribuindo à entidade o comando dos ataques. “Não temos qualquer ligação com atos de vandalismo. As nossas manifestações são sempre feitas de forma ordeira e civilizada”, afirma.

O Sindimotoristas representa cerca de 30 mil trabalhadores, entre motoristas, cobradores e os profissionais responsáveis pela manutenção dos veículos.

Souza atribui o suposto elo do sindicato aos ataques como uma forma de minar a campanha salarial da categoria, que está em estado de greve desde o último dia 6 deste mês. “Nós já registramos um boletim de ocorrência contra essa mentira imputada ao sindicato e aguardamos o resultado das investigações”.

O diretor diz acreditar que os suspeitos envolvidos nas depredações aos veículos possam ser ex-trabalhadores do setor, “mas isso só a polícia poderá dizer”.

Souza afirmou ainda que imagens dos terminais de ônibus e dos veículos atacados estão sob posse da Polícia Civil, que abriu um inquérito para investigar quem tem encabeçado os atos de vandalismo na cidade.

“Temos a informação de que 26 pessoas foram identificadas e estão sendo procuradas pela polícia para prestarem depoimentos”, afirma Souza.

A Secretaria de Segurança Pública da gestão João Doria (PSDB), em nota, afirma que a PM enviou viaturas para as regiões e intensificou o policiamento para localizar os criminosos. Além disso, os representantes da SPTrans foram orientados sobre o registro da ocorrência no distrito policial.

"Sobre os casos mais antigos, dois inquéritos foram instaurados pelo 1º DP e um pelo 14° DP. As equipes policiais realizam diligências em buscas de elementos que auxiliem no esclarecimento dos fatos e identificação dos autores", diz a pasta.

ATAQUES CONTRA COLETIVOS

A onda de ataques contra ônibus do sistema de transporte coletivo está na mira da Polícia Civil desde junho, quando uma série de depredações passaram a ser registradas.

Em 14 de junho, ônibus que circulavam na região central da capital tiveram os pneus furados por um grupo ainda não identificado. Naquela ocasião, o ataque afetou ao menos 30 linhas que acessam o Terminal Parque Dom Pedro II.

Em 28 de junho, outros ataques bloquearam a circulação dos coletivos nos terminais de Pinheiros, na zona oeste, e em São Mateus, na zona leste, afetando ao menos 47 linhas.

Os motoristas afetados fizeram um ato e cobraram das autoridades uma investigação ampla para identificar e punir os responsáveis pelo vandalismo.

Fila de ônibus do lado de fora do Terminal de Pinheiros, em SP
Fila de ônibus do lado de fora do Terminal de Pinheiros, em SP, após ataques a ônibus em junho - Divulgação/SPTras
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