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Hábitos e Consumo no Segundo Ano da Pandemia

Tony Goes: 'Jovens veem menos TV tradicional, mas acompanham mais reality shows'

Na faixa dos 16 a 24 anos, 28% dizem não consumir modelo convencional; entre idosos, índice é de 12%

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Quem tem filho adolescente sabe disso faz tempo: os jovens veem cada vez menos a chamada TV linear, aberta ou paga —aquilo que os mais velhos conhecem simplesmente como televisão, com grade de programação, intervalos comerciais e horários fixos.

A Pesquisa Datafolha Percepção sobre Marcas e Consumo no Segundo Ano da Pandemia confirmou essa tendência: 28% dos jovens entre 16 e 24 anos não assistem mais à TV tradicional, contra 19% do público em geral.

No entanto, a mesma pesquisa aponta que 57% dos que pertencem a essa faixa etária estão vendo reality shows, contra 44% da amostra como um todo, o que sugere que programas como “Big Brother Brasil” (Globo) e “A Fazenda” (Record) vêm ajudando a segurar os jovens entre a audiência dos canais abertos. Já séries e filmes eles preferem ver nas plataformas de streaming ou na internet.

Essa mudança de comportamento já havia sido detectada há alguns anos, mas a pandemia fez com que seu ritmo acelerasse. O surpreendente é que nem mesmo o confinamento forçado fez com que adolescentes e jovens adultos retornassem em massa à TV linear. Mesmo com poucas opções de lazer, eles continuaram online.

De fato, o segmento mais fiel à TV linear são os que têm 60 anos ou mais: 88% deles ainda seguem os antigos hábitos, um pouco mais do que os 81% no cômputo geral. Esse dado sugere que, a médio prazo, a TV ao vivo se tornará muito menos dominante do que é hoje, concentrando esforços na transmissão de noticiários e eventos esportivos.

Mas para onde vão esses olhares? A resposta mais evidente parece ser “para o streaming”. No entanto, os resultados da pesquisa apontam para um panorama um pouco mais complexo.

O consumo de séries e filmes oscilou negativamente de um ano para cá, dentro da margem de erro: 80% assistiam a esses produtos em 2020, 77% em 2021. A pesquisa mostra que o hábito está mais disseminado entre os mais ricos (90% entre quem ganha mais de dez salários mínimos), os mais jovens (90% entre quem tem entre 16 e 24 anos) e os mais educados (89% entre quem tem ensino superior).

Os 23% que não veem séries ou filmes (contra 20% do ano anterior) se concentram entre os mais pobres (34% entre quem ganha até dois salários mínimos), os mais velhos (36% entre os maiores de 60 anos) e os menos educados (48% entre os que têm apenas o ensino fundamental). Ou seja: o hábito de acompanhar séries e assistir a filmes em casa é diretamente proporcional aos níveis de renda e educação e inversamente proporcional à faixa etária.

As perspectivas para a TV linear também não são boas para o ano que vem. Ao Datafolha, 22% dos entrevistados disseram que irão diminuir esse consumo em 2021, e só 9% acham que ele irá aumentar. Entre os maiores de 60 anos, 65% dizem que manterão o hábito de ver TV aberta ou fechada no nível atual.

Também é curioso que 20% dos entrevistados afirmem que verão menos séries em 2021. Esse número salta para 38% entre os mais jovens. Sinal de que o fenômeno dos seriados, que hoje são o gênero mais importante da TV mundial, atingiu o pico e começa a retroceder? Ou as pessoas estão simplesmente cansadas de ficar em casa e não veem a hora de voltar para a rua?

Já acesso a serviços de streaming não se intensificou: 59% dos entrevistados de 2020 diziam ter assinaturas de algum aplicativo de séries e filmes, e o número oscilou para 55% em 2021, no limite da margem de erro. Mesmo com a proliferação de novas plataformas, essa diminuição talvez se deva à queda do nível de renda familiar. Como era de se esperar, os mais ricos (91%), os mais jovens (76%) e os mais educados (75%) são os que mais consomem streaming.

Por outro lado, o número de pessoas com TV por assinatura se manteve estável, passando de 46% em 2020 para 47% em 2021. Aqui também os maiores usuários se encontram entre os mais ricos (82%) e os mais educados (62%). Nas classes D e E, 88% não têm TV paga, cujos preços costumam ser bem mais elevados que os das plataformas de streaming.

Entre os que têm TV paga, 42% acham que ainda terão o serviço em 2022, uma queda de cinco pontos em relação ao ano passado. Os que dizem que usarão serviços de streaming no futuro também oscilaram, de 55% para 52%.

O que parece se desenhar é que, depois de um ano e meio saindo de casa o mínimo possível, cada vez mais gente não vê a hora de desligar a TV e se divertir longe do sofá.

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