Descrição de chapéu Coronavírus

Com surto, hospital de Porto Alegre chega a 89 casos e 5 mortes por Covid

Hospital de Clínicas, um dos maiores do RS, também tem surto ativo com oito casos

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Porto Alegre

O número de mortes relacionadas ao surto do novo coronavírus no Hospital Nossa Senhora da Conceição, em Porto Alegre, subiu para cinco nesta quinta-feira (12), com a confirmação do óbito de um homem de 77 anos. Ao todo, o hospital registra 89 pessoas infectadas.

As outras vítimas são três mulheres, com 58, 81 e 84 anos, e outro homem, de 78. A maioria das vítimas estava vacinada com as duas doses de imunizante contra o Sars-CoV-2 e todos tinham diagnóstico de comorbidades.

Leitos no Hospital Nossa Senhora da Conceição
Pelo menos 89 pessoas tiveram teste positivo para o novo coronavírus, em um intervalo de poucos dias, no Hospital Nossa Senhora da Conceição em Porto Alegre - Ocimar Pereira/Imprensa GHC/Divulgação

Dos 89 casos no hospital, 66 são de pacientes, enquanto os outros 23 são de profissionais da saúde. Entre os pacientes, 44 já tinham recebido as duas doses, enquanto entre os profissionais de saúde o total de vacinados é de 20 pessoas.

Um boletim divulgado pela manhã contabiliza ainda 7 pacientes internados em leitos de UTI e 44 em enfermaria —10 tiveram alta hospitalar. Entre os funcionários, 20 seguem em isolamento em casa, 1 teve alta hospitalar e 2 voltaram ao trabalho.

O surto ainda é considerado ativo, segundo o diretor técnico do Grupo Hospitalar Conceição, Francisco Paz. O primeiro caso foi registrado no dia 4 de agosto. Sem a vacinação, avalia ele, o cenário poderia ser pior.

“O surto iniciou abruptamente e os casos se multiplicaram aceleradamente em poucos dias”, diz ele.

O rastreamento de contatos e pessoas que podem ter sido infectadas segue ocorrendo e só deve parar quando o surto for considerado controlado, ou seja, após 14 dias sem novos casos, diz Paz.

Entre as medidas de contenção adotadas estão uso de máscara N95 para todo tipo de contato direto com pacientes —antes eram usadas apenas em áreas Covid-19, enquanto nos demais casos eram usadas máscaras cirúrgicas.

As visitas seguem suspensas e contatos de pacientes infectados são submetidos a teste RT-PCR.

“Nós não trabalhamos com a ideia de falha. Avaliamos os fatos do ponto de vista epidemiológico. Antes deste surto mantínhamos protocolos de prevenção preconizados pelas autoridades sanitárias, [com] redução de visitas, controle de temperatura e sintomas de todas as pessoas que ingressam no hospital. Pacientes transferidos de outros hospitais a regra é que venham com PCR”, afirma o diretor.

Além do aumento de casos no Conceição, o Hospital de Clínicas, um dos maiores do Rio Grande do Sul, ligado a UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), também está com surto ativo. Os casos começaram a ser identificados na última segunda-feira (9), entre funcionário da área administrativa do hospital.

Até a manhã desta quinta, oito pessoas haviam tido resultado positivo nos testes para o novo coronavírus. Segundo nota divulgada, todos eles estavam vacinados e apresentam quadros clínicos leves, sem necessidade de internação.

O hospital não identificou até o momento surto em áreas assistenciais, entre funcionários ou pacientes. A Vigilância Sanitária Municipal foi acionada para investigar a presença de novas variantes.

A unidade teve cinco surtos durante a pandemia, o maior deles, no pico da pandemia, teve 18 casos. Além dos oito casos confirmados agora, o hospital tem ainda outros seis casos pontuais de funcionários infectados, de diferentes setores.

Um terceiro hospital da capital gaúcha, o Vila Nova, com atendimento integral pelo SUS (Sistema Único de Saúde), também registrou surto recente, com 29 pacientes e 15 funcionários infectados. O caso, porém, já é considerado controlado.

Fernanda Fernandes, diretora-adjunta da Vigilância em Saúde da Prefeitura de Porto Alegre, disse que os surtos explosivos, caracterizados por terem várias pessoas envolvidas e alto contágio, levam ao recuo em medidas que estavam sendo relaxadas, como visitas de familiares a pacientes.

“Toda essa situação nos coloca em alerta. A gente também teve esta semana um aumento na testagem e na média móvel de casos positivos, principalmente na rede SUS, então ligamos a luz amarela para avaliar um possível rebote com aumento de casos nos próximos dias”, afirma.

Ela afirmou que é considerado surto quando são identificadas duas ou mais pessoas contaminadas em um mesmo local, em período inferior a 14 dias. Durante um período, especialmente com avanço da vacinação, houve redução no número de surtos e de pessoas envolvidas neles. Segundo dados atualizados nesta quarta-feira no boletim epidemiológico municipal, Porto Alegre tem 21 surtos ativos.

“Agora a gente tomou um susto, porque teve muitas pessoas envolvidas, o que sugere, não são só pelas características do surto, mas também por análises preliminares, que pode ser em função da introdução da variante delta no estado, que já decretou transmissão comunitária”, diz.

Fernandes destaca ainda que a nota recente emitida pelo CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças), dizendo que a variante delta pode ser tão contagiosa quanto a catapora, traz a preocupação em reforçar medidas sanitárias. Hoje, Porto Alegre tem 51% da população imunizada com as duas doses. A capital começou a vacinar pessoas a partir de 23 anos nesta quinta.

Os dois hospitais com surtos ativos estão entre os maiores do estado e recebem pacientes de vários municípios gaúchos.

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