Descrição de chapéu Obituário Valderez “Vanda” Alencar (1957 - 2021)

Mortes: Foi mãe, pai e avó para sua única filha

Vanda morreu em decorrência de leucemia mieloide aguda

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Rodrigo França
São Paulo

Quando Miguel e Emília batizaram a primeira filha de Valderez, nome que se adequa ao masculino e ao feminino, talvez não imaginassem que ele refletiria uma capacidade de Vanda, como gostava de ser chamada: ser mãe e pai ao mesmo tempo.

Como muitos de seus conterrâneos em Alagoas, ela teve a infância na pequena Inhapi marcada pelo trabalho no campo. O passaporte para uma vida diferente veio com o casamento, aos 25. Contrariando as famílias, o casal partiu para São Paulo em busca de oportunidades.

Na capital paulista, nasceria Daniela. Vanda estava sozinha no parto, um vislumbre de seus próximos anos —o marido não chegou do trabalho a tempo de acompanhá-la. Uma Kombi de entrega de jornais a “salvou” para chegar a tempo ao hospital.

Vanda Alencar (1957-2021)
Vanda Alencar (1957-2021) - Arquivo pessoal

“Já era o destino agindo”, contaria ela depois ao genro, aos risos, nos almoços que organizava aos domingos para a família, ampliada em 2017 com a chegada da neta.

O casamento acabaria, mas Vanda continuaria ao lado do amor maior de sua vida, a filha.
Mãe e pai a um só tempo, ela ainda se desdobraria em um trabalho como empregada doméstica para garantir o sustento das duas.

A habilidade nos afazeres da casa e a lealdade fizeram dela parte importante da vida do casal português que a contratou —que também, décadas antes, chegou a São Paulo em busca de uma vida melhor.

Foram quase 30 anos em uma rotina intensa de trabalho, mas que se compensaram quando a filha, aos 18, passou no vestibular de publicidade e pouco depois foi contratada por uma agência. Daniela teria uma chance que a mãe não teve, e sua vida poderia, assim, ser diferente.

Aos 60, Vanda se aposentou com planos para uma fase nova, em que poderia curtir a neta, Alice. Na pandemia, as visitas na calçada, diante do prédio onde morava, mantiveram estreito o laço entre avó e neta.

No último dia 4 de julho, fez o bolo favorito para o aniversário da pequena. A disposição, porém, já lhe faltava. Ao buscar o hospital, na semana seguinte, foi diagnosticada com um quadro grave de leucemia mieloide aguda.

Morreu no dia 15, deixando filha, neta, genro, irmãos, sobrinhos e uma saudade que só mães que também são pai podem deixar.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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