São Paulo é uma metrópole que enfrenta uma série de desafios de larga escala ao mesmo tempo. A pandemia de coronavírus, por exemplo, agravou a crise habitacional e fez crescer a população de rua.
Ao mesmo tempo, a cidade também vê o aumento da presença do setor privado na gestão de seus patrimônios, enquanto o Plano Diretor fez surgir muitos prédios em regiões onde antes predominavam casas.
Com o objetivo de fazer um quadro geral de uma cidade transformada e, por meio dele, poder contribuir com novas propostas para a revisão do Plano Diretor Estratégico, começa nesta terça-feira (21) a programação do Fórum SP 21, evento realizado pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP (FAU-USP), o Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-SP) e outras três entidades do setor. A Folha é um dos apoiadores do evento.
A realização das mesas acontece após processo de seleção aberto a interessados no tema. A curadoria recebeu cerca de 200 apresentações, das quais 167 foram selecionadas. A programação segue até o dia 1º de outubro, e a abertura nesta terça, às 11h, traz três seminários: os dois primeiros sobre planejamento urbano e mudanças climáticas, o último sobre o impacto da pandemia na cidade de São Paulo.
É possível acompanhar os seminários nas contas do YouTube da FAU-USP e do Centro de Estudos da Metrópole. O evento também será transmitido pelo Facebook, do IAB-SP.
“Debater a cidade sob todos os aspectos, ambientais, sociais, imobiliários e de gestão, vai possibilitar que a gente faça um quadro geral da cidade nesse momento. Certamente vão aparecer diversos conflitos, como a questão da preservação e do patrimônio e, do outro lado, interesses do setor imobiliário”, diz o arquiteto e urbanista Nabil Bonduki, colunista da Folha e um dos organizadores do evento.
Para ele, “a pandemia agravou os problemas de habitação social”, tema que se tornou ainda mais relevante. “Houve muito despejo, as pessoas perderam renda, e o auxílio [do governo] foi baixo. Muitas pessoas passaram a ter dificuldade de se alimentar e de ter que pagar moradia. Uma forte crise habitacional acaba gerando novas ocupações. Na periferia da cidade, aconteceu muito”, afirma.
A reorganização dos modos de trabalho também são analisados como fator de transformação das estruturas urbanas. Com o estímulo ao home office, há mudanças importantes na cidade. A vacância de bairros comerciais têm a Vila Olímpia como um exemplo.
“A maneira como as pessoas pensam habitação também muda, porque a habitação passa a ser um lugar de trabalho, precisa de espaços mais adequados. Os condomínios passam a investir em co-workings".
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