Guarda Municipal dispara contra multidão em Curitiba e mata jovem com 10 tiros

Agente suspeito de ter realizado os disparos que mataram Mateus Silva Noga foi afastado; polícia investiga o caso

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Curitiba

A Polícia Civil do Paraná abriu uma investigação para apurar a morte de um jovem durante uma ação da Guarda Municipal no Largo da Ordem, centro histórico de Curitiba.

A vítima foi Mateus Silva Noga, 22, atingido por vários disparos de arma de fogo na noite de sábado (11) —uma mulher de 31 anos e uma adolescente de 14 também ficaram feridas, mas já receberam alta.

A Guarda Municipal afirmou que foi acionada para conter uma briga numa rua próxima ao monumento Cavalo Babão, na capital paranaense. Segundo o órgão, cerca de 300 pessoas estavam no entorno do local, grande parte sem usar máscara e sem respeitar as regras de distanciamento social.

Ainda de acordo com a versão da guarda, os frequentadores arremessaram garrafas de vidro contra os agentes, “que reagiram à injusta agressão” realizando disparos de arma de fogo. São esses tiros que atingiram o homem, a mulher e a adolescente —nenhum deles estava envolvido na confusão inicial.

Mateus Silva Noga em uma selfie. Ele veste camiseta branca, usa barba e possui cabelos escuros. Ao fundo, paisagem de praia
Mateus Silva Noga, 22, morto durante a ação da Guarda Municipal de Curitiba - Mateus Silva Noga no Facebook

Segundo relatos de testemunhas a veículos locais, Mateus foi atingido por mais de dez tiros, a maioria pelas costas. Ele tinha um filho de menos de um ano.

Imagens de câmeras de segurança foram recolhidas pela polícia, mas não foram divulgadas.

Em entrevista coletiva nesta quinta-feira (16), a delegada Daniela Corrêa, responsável pelo inquérito, afirmou que as imagens capturaram ao menos um dos disparos. Segundo ela, não há dúvidas de que o guarda foi o autor.

Agora, a polícia vai avaliar se ele agiu em legítima defesa ou com imprudência, o que qualificaria o crime como homicídio culposo, ou mesmo se assumiu o risco de matar.

“A gente percebe claramente que ele não atirou para matar, não mirou em alguém para matar, mas pode ser que seja entendido que ele tenha assumido o risco de que aquele resultado acontecesse e aí então ele responde por dolo eventual”, afirmou.

Testemunhas serão ouvidas entre esta quinta e sexta-feira (17). A arma usada pelo guarda foi recolhida e as roupas do jovem também devem ser entregues pela família à polícia. O laudo de necropsia do corpo de Mateus ainda não foi concluído, segundo a delegada.

O Ministério Público e a Defensoria Pública do Paraná acompanham as investigações. Os órgãos também pretendem esclarecer quem autorizou a ação com armamento letal.

Na segunda-feira (12), a Guarda Municipal emitiu uma nota em que lamentou a morte do jovem “após uma confusão generalizada”.

A Corregedoria do órgão abriu uma investigação para apurar os fatos. À noite, em comunicado, o comandante Carlos Celso Santos Júnior informou que o agente que efetuou os disparos foi afastado das funções. A sindicância tem prazo de 15 dias, prorrogáveis por mais 15.

“No entanto, a Corregedoria pretende terminar a sindicância o mais rápido possível, a depender do recebimento de documentos essenciais, como o laudo do Instituto Médico-Legal (IML), para o esclarecimento integral dos fatos”, afirmou na nota.

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