Uma parte da história da música, da arte e da literatura tem o nome de Estevão Maya-Maya gravado.
Natural do povoado de Pano Grosso, em Viana, no Maranhão, seus primeiros contatos com a música foram precoces, com cerca de cinco anos.
Criado por uma tia-avó, ouvia óperas e operetas vindas da casa de uma vizinha. Quando garoto, ainda era chamado pelo nome de registro, José Estevão Maya, que artisticamente perdeu o José e dobrou o Maya.
Maestro, cantor, compositor, escritor e professor, Estevão formou-se na Escola de Música e Artes Cênicas da Universidade Federal da Bahia e depois viveu um tempo no Rio de Janeiro. O artista estava em São Paulo desde os anos 1970.
De carreira artística rica, ele regeu o coral de homens negros Cantafro. Em 1974, liderou a fundação da Cacupro (Casa da Cultura e do Progresso), entidade negra que funcionou no bairro do Ipiranga (zona sul da capital paulista).
No teatro, emprestou seu talento ao personagem Caifás, na montagem brasileira da ópera-rock Jesus Christ Superstar. Além disso, trabalhou no espetáculo Hair e no show Síntese da História do Jazz.
No campo da literatura, o maestro tem dois livros publicados, um em parceria com o poeta Vilmar Ribeiro. Ocupou a cadeira número 23 da Academia Vianense de Letras.
Estevão cantava em alemão, francês, inglês e russo. Era intérprete do compositor russo Modest Petrovitch Mussorgski.
Foi graças a Mussorgski que conheceu a escritora e pianista Nilcéia Baroncelli, em meados de 1978. “Fui dar uma palestra na Biblioteca Mário de Andrade sobre Mussorgsky e ao final ele veio foi falar comigo. Nos tornamos muito amigos”, conta Nilcéia.
“O Estevão era muito amável, simpático, carismático e metódico para trabalhar. Ele se impunha bastante. Foi um homem educado, reservado, nobre de caráter e comportamento. Muito digno”, diz a escritora.
Estevão morreu dia 17 de setembro, aos 78 anos, por complicações da Covid-19. Deixa as filhas Jamila e Naila, o neto Gael, além de irmãos, sobrinhos e incontáveis alunos.
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